E a Medicina?

O Senhor Que Te Sara
26 min readApr 2, 2023

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Quando lidamos com o tema da cura milagrosa, sempre surgem perguntas a respeito do papel da medicina. Afinal, se cremos somente em Deus para recebermos curas, então o que devemos pensar daqueles que buscam administrar curas por meios naturais?

Nesta seção, irei mostrar o que a Bíblia diz a respeito da medicina e que contrastes ela faz entre a dependência dos médicos e a dependência do poder de Deus.

Medicina na Bíblia

A Bíblia cita a medicina e os médicos algumas vezes, e a primeira coisa que é forçoso admitir é que todas as citações são ou neutras ou depreciativas, nenhuma positiva. O quer que pensemos sobre a profissão da medicina hoje, a conclusão a partir das menções da Escritura é essa. A Bíblia sempre irá ou constatar a existência de médicos sem aprovar nem condenar ou mencioná-los em ocasiões de fracasso.

Vejamos primeiro as citações mais benevolentes:

Mas Jesus, ouvindo, disse: Os sãos não precisam de médico, e sim os doentes. Ide, porém, e aprendei o que significa: Misericórdia quero e não holocaustos; pois não vim chamar justos, e sim pecadores [ao arrependimento] (Mt 9.12–13).

Jesus faz aqui uma comparação: assim como são os doentes, e não os sadios, que precisam dos médicos, também são os pecadores, e não os “justos”, que precisam de Cristo. Essa comparação teria sido desonrosa e inadequada se Jesus condenasse a medicina, no entanto ela tampouco prova que a busca por médicos é necessariamente uma boa ideia. A necessidade que os doentes têm da intervenção médica é um fato natural, uma realidade cotidiana. Jesus usou uma noção comum e normal da vida humana para ilustrar o propósito do seu ministério, que não havia sido ainda compreendido pelos fariseus. Portanto, essa menção não é um endosso nem uma rejeição, mas uma mera constatação. Cumpre enfatizar que Jesus e os discípulos nunca recomendaram a qualquer dos milhares de enfermos que encontraram que fossem buscar ajuda médica, antes os curaram por milagre, o que prova que eles não pensavam que “os doentes precisam de médico” mesmo diante da grandiosa realidade enfim descortinada da cura milagrosa.

Certo samaritano, que seguia o seu caminho, passou-lhe perto e, vendo-o, compadeceu-se dele. E, chegando-se, pensou-lhe os ferimentos, aplicando-lhes óleo e vinho; e, colocando-o sobre o seu próprio animal, levou-o para uma hospedaria e tratou dele. No dia seguinte, tirou dois denários e os entregou ao hospedeiro, dizendo: Cuida deste homem, e, se alguma coisa gastares a mais, eu to indenizarei quando voltar (Lc 10.33–35).

Esse trecho da parábola do Bom Samaritano apresenta a aplicação de óleo e vinho como medicina para os ferimentos. Isso significa que a aplicação de remédios é divinamente orientada? Mais uma vez, não podemos concluir muito a partir disso. Nem todos os elementos de uma narrativa parabólica estão ali para significar uma lição. Normalmente, o ensino de uma parábola é um só, mas o enredo precisa de diversos elementos para ficar devidamente concatenado e coeso. Jesus não pretende ensinar nada sobre óleo, vinho ou remédios aqui. O que ele ensina, no fim das contas, é que cada um deve amar o seu próximo mesmo que seja um inimigo. Se acontecer de esse amor requerer um cuidado médico, ótimo. Mas se o socorrista tiver fé para operar uma cura milagrosa, melhor ainda.

Agora, existem certos textos que nem são propriamente sobre medicina, mas costumam ser interpretados como tais:

Ora, Isaías dissera: Tome-se uma pasta de figos e ponha-se como emplasto sobre a úlcera; e ele recuperará a saúde (Is 38.21).

Muitos pensam que esse texto endossa o uso da medicina junto à oração pela cura. No entanto, essa aplicação “medicinal” que Isaías ordenou tem muito mais similaridade com um método arbitrário para a cura, tal como os que vimos em outro capítulo, do que com uma administração de remédio propriamente dita. Um emplasto não tem nenhuma eficiência contra uma úlcera. Ele é como uma mera compressa quente, que serviria melhor para aliviar inchaços. Se isso é uma prescrição médica, também seria colocar band-aid em uma perna quebrada. Ademais, note que foi o profeta de Deus quem ordenou esse ato, não um médico. Qualquer similaridade com prescrição de remédios é meramente fortuita. O fato foi que Deus curou Ezequias milagrosamente, apenas utilizando-se de um procedimento arbitrário, como em tantos outros exemplos na Bíblia.

Não continues a beber somente água; usa um pouco de vinho, por causa do teu estômago e das tuas frequentes enfermidades (1Tm 5.23).

Esse é outro texto que diz muito pouco para quem deseja concluir demais. Supostamente, Paulo prescreveu o uso “medicinal” do vinho para as enfermidades estomacais de Timóteo.

No entanto, não há nada de medicinal aqui. É um fato bem conhecido que, na antiguidade, e até uns 2 séculos atrás, água potável era uma raridade. Não existiam estações de tratamento e nem todo mundo tinha um poço de água limpa no próprio quintal. Por causa disso, era um costume comum misturar um pouco de vinho fraco na água, uma vez que o vinho age para tornar a água própria para consumo — ou, diríamos hoje, para matar as bactérias.

Aparentemente, Timóteo tinha alguma propensão para sofrer mais os efeitos da água não purificada, talvez uma sensibilidade maior no organismo. Então, Paulo lhe diz para tomar também vinho junto à água. Ora, isso não é medicinal, não é remédio, é apenas um conselho dietético óbvio. É como se eu fosse intolerante à lactose e alguém me dissesse “Não tome apenas derivados de leite, coma também legumes”. Na verdade, é ainda mais trivial do que esse meu último exemplo, visto que uma água não tratada é um problema básico para qualquer pessoa, apenas acontece de algumas serem mais sensíveis do que outras.

Aí você pode perguntar: “Mas por que Paulo não curou essa enfermidade de Timóteo? Ou então por que ele não fez um milagre de purificação das águas? E como fica a história de se poder beber veneno?”. Calma, uma coisa de cada vez. Primeiro: a Bíblia não diz, e eu não tenho obrigação nenhuma de explicar o que ela não explica. Paulo poderia ter curado Timóteo, ou Timóteo poderia ter curado a si mesmo, mas por algum motivo eles não o fizeram, e não há nenhuma explicação para isso. Alguns bufões já explodem de euforia: “Ahá! O dom de curas de Paulo já estava cessando! Eu sabia!”. É rir pra não chorar. A vontade de inserir o cessacionismo é tanta que todas as dezenas de textos que endossam explicitamente a cura milagrosa não interessam; basta pegar uma única frase proferida sem nenhuma explicação, sem nenhuma pista de pano de fundo, colocar nela palavras que Paulo nunca disse e fazer dessa quimera o texto-prova de um corpo de incredulidade sistemática.

Segunda coisa: Jesus disse que nenhum dano aconteceria caso alguém bebesse alguma “coisa mortífera”. É um tanto forçado aplicar isso para a situação incomparavelmente mais leve de uma dor de barriga.

Enfim, a única coisa que podemos extrair como lição desse versículo é que é adequado ter um mínimo de atenção à nossa dieta para que não passemos mal à toa. Portanto, compre um filtro de água, lave a alface com atenção e cozinhe bem a carne suína. Isso é de senso comum. Passa longe de ser uma carta branca para que todos os crentes dependam de prescrições medicinais para serem curados de suas doenças.

Já que estamos nesse assunto, convém pontuar que o acesso à cura milagrosa não é desculpa para uma nutrição irresponsável. Se você come só pizza e McDonald’s todo dia o dia inteiro, não adianta pedir por cura. Você irá adoecer. Mas isso não porque algum artigo científico disse que essas coisas fazem mal, e sim porque há uma questão moral por trás e que é frequentemente negligenciada. Gula é pecado. Nos tempos bíblicos, todos os alimentos eram perfeitamente naturais, e mesmo assim já existiam gula e obesidade, como mostram os exemplos do rei Eglom e dos sacerdotes Hofni e Fineias. A gula era dirigida ao consumo de muita carne, e carne gordurosa. Essa pulsão incontrolada pelo prazer do paladar e por gordura é declarada por Deus como pecado, pois procede de um espírito intranquilo e de um descontrole sobre os próprios apetites, que descamba na idolatria do prazer sensorial hedonista. O cristão precisa ter consciência de que o modo como nos alimentamos é um problema moral, não meramente estético. E a questão de uma dieta saudável não depende do que tal ou qual nutricionista afirme — nada impede que eles estejam todos errados — e sim do que Deus afirma em sua Palavra: que a gula é um pecado e, como tal, traz consigo a enfermidade. O cristão obeso deve ser repreendido pelo seu pecado. E, se contrair problemas cardíacos ou diabetes em decorrência de seu descontrole alimentar, ele deve sim clamar pela cura de Deus, mas ao mesmo tempo em que se arrepende do seu pecado e se compromete a mudar o estilo de vida.

Para não abusar muito da digressão, vou apenas indicar que a higiene pessoal é também uma questão moral, não apenas estética:

Quando sair o exército contra os teus inimigos, então, te guardarás de toda coisa má. Se houver entre vós alguém que, por motivo de polução noturna, não esteja limpo, sairá do acampamento; não permanecerá nele. Porém, em declinando a tarde, lavar-se-á em água; e, posto o sol, entrará para o meio do acampamento. Também haverá um lugar fora do acampamento, para onde irás. Dentre as tuas armas terás um porrete; e, quando te abaixares fora, cavarás com ele e, volvendo-te, cobrirás o que defecaste. Porquanto o Senhor, teu Deus, anda no meio do teu acampamento para te livrar e para entregar-te os teus inimigos; portanto, o teu acampamento será santo, para que ele não veja em ti coisa indecente e se aparte de ti (Dt 23.9–14).

Deus afirma que as impurezas corporais são ofensivas à santidade dele. Portanto, o asseio pessoal é um dever moral que temos diante de Deus. Nesse sentido, ele está relacionado com a saúde, não no sentido meramente científico e naturalista que as publicações médicas afirmam. A corrida pelo álcool-gel é um exagero; não se trata de asseio, e sim de uma fé no poder da ciência para nos prevenir de doenças. Portanto, o cristão deve sim cuidar da saúde resguardando-se de hábitos repugnantes, porém não deve aumentar sua paranoia com impurezas na medida alarmista ditada por cientistas.

Voltando aos textos bíblicos sobre medicina, restaram aqueles que enfatizam a sua ineficácia.

No trigésimo nono ano do seu reinado, caiu Asa doente dos pés; a sua doença era em extremo grave; contudo, na sua enfermidade não recorreu ao Senhor, mas confiou nos médicos. Descansou Asa com seus pais; morreu no quadragésimo primeiro ano do seu reinado (2Cr 16.12–13).

Asa foi um ótimo rei no início, mas terminou seus dias dominado por orgulho. O texto diz que ele morreu de uma doença grave nos pés e que, em lugar de buscar a cura em Deus, ele apenas confiou nos médicos. Talvez alguém possa pensar: “Bem, ele poderia ter feito as duas coisas: buscado o cuidado dos médicos e também orado pela cura”. Certo, mas ele também poderia ter só orado a Deus. A medicina mostrou-se ineficaz para curá-lo, mas o argumento do texto é que Asa poderia ter recorrido ao Senhor, e apenas isso. A medicina é irrelevante quando uma pessoa depende de Deus para a cura. Não existe isso de orar para Deus “usar os médicos”: claro que ele pode usar os médicos, mas pra quê se dar ao trabalho, uma vez que a cura pode vir apenas por milagre, sob demanda da fé?

Estou quebrantado pela ferida da filha do meu povo; estou de luto; o espanto se apoderou de mim. Acaso, não há bálsamo em Gileade? Ou não há lá médico? Por que, pois, não se realizou a cura da filha do meu povo? (Jr 8.21–22).

A pergunta retórica deixa óbvio que havia sim médicos e remédios em Gileade, mas eles de nada adiantaram para conter as pragas que Deus estava enviando como castigo para o povo idólatra. Quando um povo quebra a aliança de Deus e não se volta a ele em arrependimento e fé, Deus envia enfermidades como maldição pactual, e todos os esforços da medicina são ineficazes. Essa declaração do profeta é uma acusação permanente contra todos aqueles que confiam no “avanço” da medicina e não na Palavra de Deus para curar e restaurar. A medicina é um perpétuo “correr atrás do prejuízo”. Podem desenvolver remédios, vacinas e operações inovadoras milhões de vezes — Deus continuará castigando os idólatras com mais doenças, mais angústias e mais dores.

Aconteceu que certa mulher, que, havia doze anos, vinha sofrendo de uma hemorragia e muito padecera à mão de vários médicos, tendo despendido tudo quanto possuía, sem, contudo, nada aproveitar, antes, pelo contrário, indo a pior… (Mc 5.25–26).

Uma mulher estava há doze anos buscando tratamento médico para a sua hemorragia e, mesmo após ter gastado todo o seu dinheiro, só havia piorado. Em contraste, bastou um único toque com fé em Jesus e a cura foi instantânea. Quantas pessoas você conhece que poderiam se enxergar na situação dessa mulher? Há tantos, inclusive evangélicos, que passam anos e anos buscando médicos e remédios, e trocando de médicos e de remédios mil vezes, e sempre de olho em novos artigos ou notícias que indiquem algum novo tratamento para resolverem sua enfermidade, gastando milhares de reais por mês nessa busca perpétua… mas não funciona. Quando parece que funcionou, o efeito passa e começa tudo de novo. Tanto trabalho, tantas lágrimas, tantas dores, ao passo que bastaria uma única resolução de fé em Jesus e tudo passaria em um segundo.

É assim que a Bíblia descreve a medicina. Ela não proíbe a profissão nem condena a prática médica como tal, mas ela assinala enfaticamente que a medicina é muito menos do que a imagem redentora que as pessoas projetaram nela. E como poderia ser diferente? O propósito de Deus na sua revelação bíblica é mostrar aos homens que ele é a única esperança de salvação para corpo e alma. Então é claro que ele irá descrever a eficácia médica como bastante desanimadora. Podemos dizer que a medicina é muito boa quando comparada com o nada. Mas, quando comparamos com a cura divina fundamentada na expiação de Cristo e prometida à fé, a medicina torna-se risível. Para aqueles que experimentam diariamente o livre acesso à cura divina pela oração da fé, a ideia de esperar muita coisa dos médicos soa digna de pena.

Lucas, o Médico Entusiasta

Calma, eu sei que você estava gritando “Mas Lucas era médico!” há bastante tempo, e eu não esqueci. Há alguns problemas com essa alegação. Primeiro, ela não é bíblica. Em nenhum lugar da Bíblia está escrito que Lucas foi um cristão médico. Você diz: “Como assim, se Paulo chama Lucas de médico amado em Colossenses 4.14?”. Essa frase ainda não prova que ele era médico. Estranho, não? Mas deixe-me lembrar que Mateus foi chamado de publicano (Mt 10.3) e Raabe foi chamada de prostituta (Hb 11.31), sem com isso dar a entender que continuaram a sê-los após converterem-se a Deus. Quando uma pessoa ganha fama por ser alguma coisa, pode ser conveniente continuar anexando essa coisa como um apelido nas menções ao seu nome, não para defender a característica como boa ou normal, mas apenas para facilitar a identificação ao destinatário. Nem Mateus continuou publicano nem Raabe continuou prostituta, mas é fácil para os leitores saberem quem são essas pessoas através desses apelidos. Esse pode ser o caso de Lucas. O máximo que a citação de Paulo prova é que Lucas ganhou fama e identificação singular por ser “o médico”, mas se ele continuou sendo médico após tornar-se cristão, não é possível dizer.

Mas, em segundo lugar, isso não contradiz em nada o que eu expus até agora. Afinal, a Bíblia não condena a medicina, e não há nenhum problema em princípio se Lucas continuou sendo médico pelo resto da vida. O mero fato de um cristão poder ser médico não significa que a medicina é tudo isso que as pessoas querem que ela seja. Só porque um cristão tem uma profissão legítima, não significa que essa profissão seja especialmente digna de incentivo e confiança singular.

Em terceiro lugar, é aqui que eu viro o jogo contra os defensores ardorosos da medicina. Suponhamos que Lucas foi um médico cristão mesmo até o fim da vida. Então, o que é que ele diz? O que nosso emblemático representante da medicina divinamente inspirado tem a nos dizer sobre o assunto? Alguém já fez essa pergunta? As pessoas gostam de usar a profissão médica de Lucas como se fosse um símbolo, mas quem foi que perguntou a ele o que ele pensa disso tudo?

Quando lemos o que ele escreveu, não encontramos nada diferente do que todos os outros não médicos registraram. Lucas só menciona a medicina para atestar o seu fracasso, como no caso da mulher com hemorragia. Ele nunca sugere em lugar algum que a profissão médica seja uma boa ideia. Na realidade, encontramos o exato oposto: conforme a nossa tabela de milagres na Parte II, o evangelho de Lucas é o recordista no número de curas milagrosas registradas. E para somar a tudo isso, foi ele quem escreveu o livro dos Atos, com todas as suas muitas curas administradas pelos discípulos. Já foi observado também diversas vezes por comentaristas da Bíblia que Lucas é o evangelista que mais enfatiza a ação do Espírito Santo, inclusive em ações milagrosas. Lucas, o único médico que foi inspirado por Deus para escrever a Bíblia, é mais entusiasta por milagres de curas do que qualquer outro dos escritores.

É nisso que você pensa quando diz que Lucas era médico? É isso que você espera de um médico cristão? Imagine que você marcou uma consulta com o seu médico. Ele examina você, escuta seus batimentos cardíacos, aufere a sua pressão, registra o seu peso e tudo o mais. Ele então toma um papel e começa a prescrever alguns remédios. Quando você pega para ler, descobre que, por trás da quase ilegível “letra de médico”, ele diz que você deve orar pela cura milagrosa e crer no poder do Espírito Santo para guardar a sua saúde. Pronto, eis a prescrição. Você vai atender? Você vai confiar? Quem falou foi o médico! Ou você vai dizer que ele é uma fraude, sem profissionalismo, fanático e tudo mais? E se esse médico for inspirado por Deus para fazer essa prescrição de modo infalível e inerrante? E se for o próprio Deus falando por meio dele? Você ainda vai reclamar?

O que eu quero que você perceba é que, quanto mais você enfatiza a profissão médica de Lucas, mais a incredulidade do seu coração fica comprovada. O que você realmente quer é usar Lucas como um pretexto para ser cético para com Deus e confiar somente nos homens. O que Lucas realmente disse não lhe importa nem um pouco.

O Problema da Ciência Médica

Um dos grandes motivos por que as pessoas confiam tanto na medicina é que elas confiam cegamente em tudo o que se diz “ciência”. Na mente popular, os cientistas são aqueles que descobrem as verdades que nós não observamos, que possuem um conhecimento superior e inacessível aos homens comuns, e que podem dar a palavra mais confiável sobre o que quer que estejam analisando. Ainda que os cientistas possam errar, a ciência continua sendo o melhor método de investigação e predição que existe, e ela mesma vai avançando e se corrigindo a cada ano.

Toda essa aura de virtual infalibilidade da ciência é nada mais que idolatria pesada. E ela só passou a existir porque os homens deliberadamente desistiram de crer na Palavra de Deus e passaram a crer na própria capacidade humana.

Ao contrário do que as pessoas pensam, o método científico não é o melhor e mais confiável de todos. Pelo contrário, ele é viciado desde a sua essência. Ele, na verdade, é inerentemente supersticioso. Isso é bem fácil de provar e já foi demonstrado inúmeras vezes na história por filósofos e apologistas, mas é bom recapitular.

O primeiro problema é o da confiabilidade dos sentidos. O método científico pressupõe que os nossos sentidos realmente observam a realidade tal como ela é. Mas esse é um artigo de crença arbitrário: é absolutamente impossível prová-lo. Nós sabemos que, às vezes, nós olhamos ou ouvimos algo de modo “errado” e, se depois nós analisamos melhor e retificamos nossas impressões, não podem ser os sentidos, que falharam em primeiro lugar, que nos darão essa garantia. A própria Bíblia dá um exemplo em João 12: Deus falou dos céus, mas algumas pessoas pensaram que foi um barulho de trovão. Os nossos sentidos não podem nos dizer qual é a realidade, e qualquer raciocínio baseado neles está sujeito ao erro.

O segundo problema é o do empiricismo. O método científico supõe que o conhecimento vem por meio da experiência, especialmente a experiência sensorial. Mesmo que o primeiro problema não existisse e que nossos sentidos realmente apreendessem a realidade como ela é, restaria ainda provar que essa apreensão sensorial confere verdadeiro conhecimento ao nosso intelecto. Essa prova é impossível. Ninguém jamais demonstrou como sensações corporais tornam-se silogismos válidos em nosso raciocínio. Além disso, mesmo que o conhecimento através da experiência fosse possível, ainda assim seria impossível conhecer os universais, uma vez que nossa experiência é sempre particular. É o terceiro problema, o da indução. Experiências particulares não podem nunca ser levadas a uma teoria universal. Seria uma falácia lógica.

O quarto problema é o da falácia da afirmação do consequente. As hipóteses científicas são testadas pelos seus efeitos. Mas raciocinar do efeito para a causa é uma falácia. O silogismo científico é sempre “Se X é verdade, então devo observar Y. Eu observei Y. Logo, X é verdade”. Mas a causa de Y pode ser outra que não X. Esse método só seria correto se fosse possível isolar todas as variáveis. Mas isso é inerentemente impossível, até porque ninguém pode provar que todas as variáveis são até mesmo apreensíveis pelos sentidos humanos. Falando de modo bem tosco, o método científico não pode provar que uma chuva de meteoros em outra galáxia não influi no funcionamento de um computador aqui, ou que não há um marciano invisível que se teletransporta para o laboratório e usa seus poderes para fazer com que as experiências dos cientistas funcionem às vezes sim e às vezes não, só por diversão.

O método científico precisa supor que esses problemas todos, de algum modo, não existem ou tendem a deixar de existir conforme o “avanço” da ciência. Mas com que base ele faz essa suposição? Não a do próprio método científico. O método científico não pode provar nem a si mesmo. Ele se autodestrói.

Muitas pessoas reconhecem todos esses problemas, mas mesmo assim insistem que a ciência tende a melhorar porque ela vai se corrigindo ao longo do tempo com mais observações e mais experiências. Essa é uma crença cega. O fato de que a ciência está sempre se corrigindo apenas prova que ela está sempre errada. E nenhum número de experiências poderá resolver os problemas lógicos inerentes à própria maneira como os cientistas fazem as coisas.

Aí você pode dizer “Mas então como que a ciência nos proporcionou tantas coisas boas? E os avanços tecnológicos? E os aviões? E a informática? E a própria medicina?”. Isso sou eu que pergunto: como é possível que todas essas invenções existam se o método para inventá-las é tão defeituoso, tão indigno de confiança? Não adianta apontar para os sucessos da ciência sem responder aos problemas do seu método antes. Se os cientistas conseguem tantas coisas usando um método tão ruim, então a fonte do seu sucesso não pode ser esse método.

E quanto aos fracassos da ciência? Isso as pessoas não perguntam. Antes de haver um avião que funcionasse, houve muitos que caíram. Antes de haver um computador que prestasse, muitas tentativas infrutíferas foram feitas. Antes que Thomas Edison acendesse a primeira lâmpada, inúmeras outras falharam. Sabe o que é esse processo? Tentativa e erro. Só isso. O indivíduo vai tentando e tentando até conseguir. Agora, por que ele conseguiu? O método científico não pode explicar. E será que ele continuará conseguindo no futuro? O método científico não pode predizer. E será que podemos replicar esse sucesso em larga escala pelo mundo? O método científico não pode garantir.

A verdade é que ninguém pode explicar por que as coisas “da ciência” dão certo às vezes. Os homens da ciência não têm a menor ideia do que estão fazendo. Que eles tenham sucesso muitas vezes é algo fortuito, algo que independe do método e das premissas que eles utilizam. A única razão para que um cristão interaja com essas invenções é porque ele sabe que é o poder de Deus que sustenta todas as coisas e faz com que todas as coisas redundem em seu benefício. Mas todas as explicações físicas, químicas e matemáticas que os cientistas fornecem podem estar totalmente erradas.

É por isso que um cristão precisa ser cético com respeito à medicina e ávido por depender do poder milagroso de Deus. Veja, consultar um médico pode ser útil muitas vezes. Mas o crente sempre deve ter em mente que o médico pode estar errado nas suas prescrições e diagnósticos. Lembrando o exemplo da nutrição: se, por um lado, um cristão não deve pecar pela gula e assim atrair as enfermidades que lhe são devidas, ele também não deve aceitar cegamente tudo o que um nutricionista diz. Existem cristãos que são paranoicos com nutrientes e dietas por causa do que leem de artigos da área de nutrição. Essa atitude é errada, é supersticiosa. Todos os defeitos do método científico que eu listei acima se aplicam à área da nutrição. Confiar nessas coisas como se fossem garantias da nossa saúde é idolatria. É o poder milagroso de Deus e a expiação de Cristo que nos conferem saúde física, e isso independentemente do que cientistas digam ou façam.

Despesas Médicas X Água da Vida Grátis

Outro contraste que a Bíblia declara entre a cura milagrosa e a medicina humana é o financeiro. A mulher com hemorragia que tocou em Jesus havia gastado tudo o que tinha com os médicos, sem sucesso. Quando ela tocou em Jesus com fé, foi curada em um instante, e sem custo nenhum.

A Bíblia sempre enfatiza o caráter gratuito da recepção e operação de curas milagrosas. Em primeiro lugar, existe um convite:

Ah! Todos vós, os que tendes sede, vinde às águas; e vós, os que não tendes dinheiro, vinde, comprai e comei; sim, vinde e comprai, sem dinheiro e sem preço, vinho e leite (Is 55.1).

O Espírito e a noiva dizem: Vem! Aquele que ouve, diga: Vem! Aquele que tem sede venha, e quem quiser receba de graça a água da vida (Ap 22.17).

O convite para participar do reino de Deus é destinado a todos, sem distinção econômica. Todo cristão sabe que a vida eterna é o “dom gratuito” de Deus. É de graça porque Jesus já pagou o preço na cruz. Ninguém precisa “comprar” a sua salvação com esforços, penitências, rituais e muito menos com dinheiro. A condição para a nossa salvação foi a satisfação da ira de Deus na punição do pecado, e Cristo pagou essa dívida por nós.

A mesma coisa se aplica à recepção da cura. A cura de Deus é grátis, dada liberalmente a todo aquele que simplesmente vier. Nós vimos como o rio do trono de Deus significa a sua cura milagrosa, a restauração perfeita de tudo o que foi danificado pela queda. Esse convite às águas da vida significa que todo o que quiser receber da cura de Deus será satisfeito, bastando apenas que peça com fé. O preço que Cristo pagou na cruz pelo perdão dos nossos pecados também comprou para nós o direito à cura.

Em segundo lugar, quando ele enviou os discípulos pela primeira vez para pregar o evangelho, curar enfermos e expulsar demônios, deu uma ordem clara: “De graça recebestes, de graça dai”. O que nós recebemos gratuitamente de Deus também devemos estender a outros de graça. Claro, isso não significa que os ministros do evangelho não devam receber salário. Vários outros trechos da Escritura mostram que sonegar o salário de um ministro é pecado, e que o trabalhador é digno do seu salário. No entanto, o ministro não deve prestar os seus serviços motivado por dinheiro. Ele não deve cobrar por visita ou por milagre. E ele deve fazer bem o seu trabalho mesmo se, por alguma circunstância adversa, tiver de trabalhar de graça. Por essa razão, devemos condenar veementemente todas as seitas neopentecostais que vinculam como que em proporção direta o pagamento de ofertas especiais à recepção de bênçãos. O texto de Malaquias 3.10 permanece verdadeiro e ele diz exatamente o que ele diz, porém ele não diz o que esses mercadores da fé gostariam que ele dissesse. Não se pode comprar Deus, e nenhum cristão deve buscar vantagem financeira na dispensação dos milagres de Deus, principalmente o da cura.

Portanto, os cristãos devem ensinar os outros a receberem a cura de Deus e eles mesmos operarem milagres de cura sem esperar nada em troca.

Por outro lado, a medicina custa caro. É bem verdade que faz parte da ética médica, aliás louvável, a de prestar serviços mesmo em situações de emergência e atipicidade, quando não poderia haver pagamento. Mesmo assim, o serviço normal do médico vem com um preço. E isso não é uma crítica. Os médicos merecem mesmo ser muito bem pagos, afinal são profissionais que se dedicam a cuidar da saúde e salvar a vida de outros. O erro não está em eles receberem o salário pelos seus serviços, mas está nas pessoas que não conhecem o serviço de saúde gratuito e milagroso de Deus, que poderia aliviar o peso das suas despesas.

E, mesmo que os médicos não recebessem salário, existe o preço da construção e manutenção de hospitais, de aquisição e fabricação de remédios, de equipamentos e instrumentos diversos, do financiamento de pesquisas e muito mais. Fato é que saúde, seja pública ou particular, custa muito caro. Nós brasileiros pagamos bilhões em impostos para bancar a rede de saúde pública, e mesmo assim ainda gastamos mensalmente centenas de reais de nossas finanças pessoais com remédios, exames, consultas, tratamentos e cirurgias. Quantas famílias cristãs não estão arruinadas financeiramente por causa de despesas médicas?

Agora, imagine a libertação financeira se todos se voltassem à fonte das águas da vida, Jesus Cristo. Quanto dinheiro deixaria de ser drenado desnecessariamente para a saúde? Isso tem o potencial de alterar não só as finanças domésticas, mas até o orçamento de países inteiros. Claro, não é que a medicina humana seria eliminada — provavelmente, até Jesus retornar, sempre haverá demanda por remédios e médicos, pelo simples fato de que sempre haverá incredulidade e até uma fé imatura perante Deus. Mas com certeza haveria uma drástica redução desses gastos. Uma soma incalculável de dinheiro seria liberada para outros investimentos e até para a caridade. Perceba como a doutrina da cura milagrosa tem tudo a ver com micro e macroeconomia.

Essa constatação reforça o quanto os cessacionistas estão fora da realidade. Afinal, se a medicina custa tão caro, o que esses pastores terão a dizer sobre situações em que o enfermo simplesmente não pode pagar pelo seu tratamento? O que eles dirão sobre a situação em países bem mais pobres do que os do Ocidente, em que a medicina é tão precária e as epidemias estão tão alastradas? Que esperança eles podem dar à população miserável que não tem acesso aos “avanços” da medicina há décadas? Vão ficar fazendo campanhas e levantando ofertas para sempre? Os resultados são irrisórios. Somente o acesso livre à água da vida pode ser realmente “boas novas aos pobres”.

“Não existe almoço grátis”. O SUS não é gratuito: ele custa caríssimo e a sua entrega é péssima. A cura milagrosa também custou caríssimo ao nosso representante, Jesus Cristo. Ele tomou sobre si as nossas enfermidades e derramou seu sangue puro sobre aquela maldita cruz. Ele pagou o preço da nossa saúde. Para nós, é de graça, e a sua entrega é incomparavelmente superior a qualquer nível de medicina de qualquer país em qualquer era que o mundo já viu e ainda verá.

Medicina e Manipulação: Não Confieis no Braço da Carne

A situação de quem depende unicamente da medicina para ter saúde é algo muito triste de se ver. Além dos erros inerentes à ciência e além do custo elevado da medicina, que são normais e esperados mesmo quando os médicos são os mais bem intencionados, ainda existe o grave problema da medicina maliciosamente manipulada.

No livro “Faith and Wellness”, Rushdoony mostra que, uma vez que a função essencial do Estado segundo a ordenação de Deus é punir os maus, o Estado não pode deixar de ser punitivo em tudo o que assume para realizar; por essa razão, a medicina sob a tutela do Estado acaba se tornando também punitiva. O século XX viu o agigantamento do Estado usurpando o controle sobre muitas áreas, inclusive a saúde, ao mesmo tempo em que a prática médica voltou-se para finalidades eugenísticas e de administração da morte, e não da vida. Verificamos isso na aceitação do aborto e da eutanásia, como se fossem práticas médicas legítimas, e muito emblematicamente na medicina nazista e soviética. Não é preciso lembrar dos experimentos horríveis que médicos nazistas e comunistas fizeram nas suas vítimas em nome de ideais humanistas sublimes. A medicina nas mãos de monstros torna-se um instrumento de tortura e morte.

Em uma situação mais recente, verificamos quantas fraudes e suspeitas de fraudes se levantaram na crise do Covid-19 com relação a opiniões médicas. A medicina nas mãos da OMS tornou-se alvo de piadas, tamanha foi a desorientação e tantas as contradições no que esse órgão mundial recomendou e alertou por todos aqueles meses. O vírus fica quanto tempo no asfalto? Ele sofre mutações? As máscaras são eficientes ou não? E o isolamento, e por quanto tempo? E o pico da pandemia, em qual mês? A cloroquina funciona ou não? E a vacina em desenvolvimento? Todas essas confusões não contiveram apenas erros técnicos, mas também claramente vieram de globalistas com interesses de poder e financeiros. Não é nenhum segredo que o império eurasiano, isto é, a Rússia e a China, desejam dominar o mundo e destruir o Ocidente. E quem mais está ganhando com toda essa crise é a China. Será que podemos confiar na vacina chinesa, curiosamente produzida em tempo recorde?

Sinceramente, não sei o quanto das teorias de conspiração estão certas. De todo modo, o Salmo 2 nos mostra que Cristo despedaça as nações frustrando as suas conspirações para destroná-lo. Mas se não podemos contar com a cura milagrosa de Deus, só nos resta esperar na medicina dos homens e torcer para que não dê nada errado. E quando os homens usarem a medicina para fins torpes, nada há que possamos fazer.

É claro que os médicos íntegros, que são a grande maioria, dirão que esses exemplos são perversões da medicina e totalmente indignos da tradição hipocrática. Concordo, mas o problema permanece. E esse problema não atinge a cura bíblica, porque esta, uma vez que procede do próprio Deus, não pode ser pervertida. A cura de Deus é sempre confiável e é imutável para sempre. Ela não traz efeitos colaterais. Ela é pura, imediata e perfeita.

Talvez você possa dizer “Mas os milagres de cura também podem ser distorcidos pelos falsos profetas que enganam o povo”. Não, não podem, porque ninguém precisa de profeta nem pastor nenhum para receber a cura. Isso é entre a pessoa e Deus. Os pastores que dizem ter dom de curar e se mostram ineficazes, alguns até mal intencionados, não são nenhum obstáculo para os crentes que buscarem a cura em Deus. Ninguém precisa depender desses homens. Em contrapartida, se os médicos se corrompem, você não tem opção. Você não tem como medicar a si mesmo, a partir da sua imaginação e da sua engenhosidade. Você não pode operar uma cirurgia em si mesmo. Mas você pode orar a Deus para ser curado e de fato ser.

Os homens que confiam nos homens estarão sempre frustrados. Somente os que confiam no Senhor estão de fato em paz.

Uma Palavra Em Favor Dos Médicos

Antes de encerrar essa parte do livro, desejo esclarecer que não tenho nenhuma intenção de ofender nem depreciar os médicos. Muito pelo contrário, eu tenho uma estima enorme por essa profissão e por tantos homens honrados e benévolos que já conheci, os quais escolheram fazer o bem nessa área. Minhas análises e comparações só fazem a medicina parecer mal porque estou trazendo a cura milagrosa de Deus como parâmetro, e quem poderia não parecer mal diante de Deus, sob qualquer aspecto concebível?

Existe sim uma excelente razão para os médicos existirem e para que eles mereçam nossa admiração. Uma das conquistas culturais mais preciosas que o cristianismo trouxe ao Ocidente foi a noção da dignidade da vida de todo ser humano. Deus ordena “Não matarás” e não permite que nós mesmos, a partir de nossos sentimentos ou ideais, decidamos quem deve viver e quem deve morrer. Por essa razão, os cristãos sabem que a vida deles é digna de defesa e proteção tanto quanto a vida dos descrentes.

Onde estariam os incrédulos, se não fossem os profissionais da saúde? Aqueles que rejeitam a Palavra de Deus estão sob merecida condenação ao inferno até que se arrependam, mas eles recebem o grande benefício de serem salvos e curados muitas vezes nas mãos dos médicos. A vida e o bem-estar deles dura mais tempo. Essa é uma ação humanitária muito louvável nos médicos. E isso não só a favor dos incrédulos assumidos, mas também a favor de cessacionistas e de todos aqueles que ainda são fracos na fé. Todos esses grupos são muito beneficiados pela profissão médica.

Não estou me posicionando contra a profissão em si. Estou apenas colocando-a no seu devido lugar. Ela é muito importante para a vida humana, mas ela não é messiânica. E, para quem professa a fé cristã, ela não é a única nem a melhor fonte de cura e saúde. Os cessacionistas implicitamente atribuem um caráter messiânico à medicina, quando fazem dela imprescindível para a cura enquanto lançam dezenas de dúvidas e hesitações quanto à recepção da cura de Deus.

Há outras coisas que a medicina faz que não são propriamente cura. Por exemplo, eu adoro ver as ecografias dos meus filhos ainda no ventre, e saber quais são as medidas deles e tudo o mais. Eu também sou muito grato ao nosso obstetra, que foi tão profissional e tão amável quando fez os partos da minha esposa. O trabalho especializado dele associado a uma sincera disposição de beneficência faz toda a diferença no momento da agonia do parto. Nós não fomos em busca de “cura”, e sim de uma segurança e um conforto que são melhor fornecidos por quem é experiente.

Portanto, não estou de modo algum aconselhando que você da noite pro dia jogue fora todos os seus remédios e faça um voto de nunca mais ir ao médico. Não aja assim. Você não pode ser presunçoso. Você precisa admitir que, a menos que Deus lhe dê imediatamente uma fé extrema, você ainda irá lutar contra a incredulidade e a dúvida por algum tempo. Lembre-se do que Romanos 12 ensina sobre avaliarmos com sinceridade a medida da nossa fé. Então, não se livre dos remédios. Leve o seu filho para tomar as vacinas, pois você não sabe se ele terá fé para receber a cura de Deus no futuro. Faça consultas periódicas, pelo menos para saber como você está. Não há nenhum mal nisso, e pode ser interessante para a sua tomada de decisões. Meu objetivo não é fazer pressão sobre a consciência de alguém que ainda se sente seguro indo ao médico. Eu só quero que você tenha fé em Deus e aprenda a depender dele para ter cura e saúde, sem colocar sua dependência nas mãos dos médicos. Com o tempo, progressivamente, você irá menos e menos frequentar a farmácia. Mas não aja por presunção e nem por pressão. Aja por fé.

— Poder do Alto

Recomendado:
Cura e Medicina, de Vincent Cheung

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O Senhor Que Te Sara
O Senhor Que Te Sara

Written by O Senhor Que Te Sara

“Eu sou o SENHOR que te sara” (Êxodo 15:26). Despertando sua fé para o sobrenatural de Deus. Refutando o cessacionismo e outras doutrinas do incredulismo.

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