Uma Crítica Desonesta à Prosperidade Bíblica

O Senhor Que Te Sara
4 min readMay 1, 2023

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No “Guia do Rebelde Para a Alegria”, um sermão introdutório a Filipenses, Mark Driscoll critica Joel Osteen por pregar que os crentes devem ser vitoriosos em todas as áreas de suas vidas, como prosperidade, saúde, bons relacionamentos, etc. Driscoll usa Jesus como um exemplo de homem de fé que não experimentou vitória nessas áreas. Segundo ele, Jesus foi pobre, experimentou muita dor e teve relacionamentos horríveis. O que vem a seguir não é uma defesa da teologia do Osteen, que eu não conheço o bastante para defender, mas uma exposição da fraqueza do ataque do Driscoll à teologia da prosperidade.

Antes de tudo, não devemos esquecer a posição de Jesus. Ele veio como um fiador, para nos redimir do sofrimento sofrendo em nosso lugar. Não seria correto pensar que somos obrigados a experimentar automaticamente qualquer sofrimento que ele experimentou. Ou deveríamos todos beber o cálice da ira de Deus depois de ele o ter secado por nós?

Jesus foi realmente pobre, e a Bíblia diz que ele foi feito pobre para o nosso enriquecimento, portanto, da sua pobreza não se pode concluir que devemos nós mesmos ser pobres também. Além disso, Jesus podia transformar água em vinho, promover pescas espetaculares, multiplicar comida e tirar dinheiro da boca de um peixe pescado aleatoriamente. Driscoll diz que quando chegou a hora de pagar impostos, ele não tinha como bancar, mas isso é uma má representação do episódio. Embora não tivesse o dinheiro à mão, Jesus o conseguiu milagrosamente com alguma facilidade e em tempo hábil, tanto para sua própria necessidade quanto para a de seu discípulo. Jesus era o rei da provisão formidável. Ele tinha fé pra receber de Deus a qualquer momento, sempre que a necessidade surgisse.

Jesus era um pobre real, mas somente em relação à sua riqueza no estado de glória e com certeza não era um pobre desamparado e sem opções ou recursos. Ele era sem teto? Como Cheung diz: Às vezes não há onde reclinar a cabeça na sala VIP do aeroporto. Jesus recebia ofertas de pessoas que ele havia curado, e tinha dinheiro suficiente para sustentar os seus discípulos. Você pode ler mais sobre o estado financeiro real de Jesus em “Sem Lugar para Repousar a Cabeça”, de Vincent Cheung.

Sobre ter bons relacionamentos, Driscoll lembra que Jesus foi abandonado pelos discípulos, desacreditado por sua família e traído por Judas, e OK — tudo isso é verdade, no entanto, esse é um relatório parcial que leva à confusão e soa desonesto.

Jesus foi abandonado pelos discípulos num momento crucial, mas eles voltaram a ele mais tarde e mais fortes, prontos para morrer por ele se fosse preciso. Maria e Tiago o rejeitaram a princípio, mas depois se tornaram discípulos dele. E milhares de pessoas têm crido e oferecido lealdade a Jesus desde então. Há aqueles que nunca o viram, mas o amam, e que embora nunca o tenham conhecido pessoalmente, se alegram nele como num amigo mais chegado que um irmão. Jesus teve e tem muitos relacionamentos incríveis.

Sobre dor física, Driscoll diz que Jesus experimentou bastante disso, principalmente em seu castigo e crucificação. Novamente, isso é correto, mas Driscoll conecta isso à dor física crônica devido à doença, algo que não temos registro que Jesus tenha experimentado, ou permitido a outros experimentar. Assim, uma conclusão falsa é extraída à força de uma premissa verdadeira e temos uma fraude expositiva.

Sobre não experimentar ansiedade, Driscoll enfatiza que Jesus soou gotas de sangue no Getsemani, por causa de seu grande estresse e ansiedade. Mas ele não estava ansioso sobre comida, bebida e roupas, estava? Ele estava angustiado por ter de suportar a ira de Deus, o que é perfeitamente compressível e correto. Ninguém que contempla a ira de Deus pode fazê-lo calmamente. Ela é uma força horrível promotora do estresse, do medo, da agonia, e de todas as coisas ruins. Como nunca vamos experimentar a ira final de Deus contra o pecado, não precisamos entrar ou viver em agonia.

Como vocês podem ver, quem se opõe à teologia da prosperidade muitas vezes oferece não uma refutação bíblica, mas uma distorção do ensino bíblico real sobre o assunto, e acabamos com o sujo falando do mal lavado. A única maneira de escapar da confusão que essa Babel causa é aceitando o que a Bíblia diz diretamente, sem qualquer filtro. No momento em que tentarmos conciliar a Bíblia com a teologia histórica ou com a experiência dos homens, começaremos a nos afastar da doutrina bíblica.

— Gabriel Arauto

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Written by O Senhor Que Te Sara

“Eu sou o SENHOR que te sara” (Êxodo 15:26). Despertando sua fé para o sobrenatural de Deus. Refutando o cessacionismo e outras doutrinas do incredulismo.

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