Um Tratado de Finanças
Deuteronômio 15.1–11 é um tratado de finanças magnífico. Vejamos:
1) Ao impor o limite de uma dívida até o sétimo ano, Deus liberta o seu povo da escravidão a dívidas. A lei de Deus é a lei da liberdade, como diz Tiago. Os incrédulos podem ter dívidas maiores porque eles são escravos por natureza. Os cristãos foram libertados do pecado, mas eles devem de fato viver como livres. Paulo diz em 1Coríntios 7 que não podemos nos deixar escravizar a ninguém e em Romanos 13 que não podemos dever nada a ninguém a não ser o amor. Libertação do pecado inclui libertação de dívidas abusivas. Só um pietista negaria isso.
2) Deus quer que o seu povo descanse. O ano da remissão de dívidas era o ano sabático. Quem já sofreu com dívidas sabe o que é descansar quando elas acabam. Você não pode desfrutar do domingo enquanto for escravo de dívidas.
3) Ao impor um limite às dívidas, Deus desincentiva a concessão de crédito. Isso resulta em incentivo à poupança, o que reduz a taxa de preferência temporal e, por consequência, a taxa de juros. A economia mundana diz o oposto: force do nada uma taxa de juros baixa para liberar mais crédito. O método de Deus produz prosperidade sustentada. O do mundo gera o caos dos ciclos econômicos.
4) Deus combate a pobreza ao impor esse limite na cobrança de crédito. Dívidas empobrecem. O mundo é tão louco que quer enriquecer contraindo dívidas. Dizem que basta os bancos liberarem crédito para os consumidores gastarem mais e de algum modo todo mundo enriquece assim. Quando os créditos são cobrados, vem a depressão.
5) Ao diminuir a taxa de preferência temporal, Deus educa os crentes a terem domínio próprio, disposição para sacrificarem o presente, visão planejada e racional de longo prazo. O valor de uma taxa de juros real diz muito sobre o caráter de um povo.
6) Deus ordena que os credores emprestem aos pobres mesmo sabendo que irão cancelar a dívida no ano da remissão. Sim, eles devem se dispor a sofrer prejuízo pela compaixão com os necessitados. (Detalhe: em caso de necessidade mesmo.) Assim, Deus ensina o seu povo que eles podem viver com prosperidade e também com humildade e amor, confiando no Deus que abençoa, e não no dinheiro.
7) Ao unir prosperidade e generosidade, Deus destrói a esquizofrenia da abordagem ímpia ao dinheiro. Os materialistas querem dinheiro, mas têm medo de perdê-lo. Os ascetistas veem esse perigo e combatem a prosperidade, essa é a esquerda. No âmbito evangélico, esses polos são representados pelos neopentecostais da prosperidade e pelos pietistas. Todos têm isto em comum: cindiram a unidade do pensamento ao rejeitarem a lei de Deus. Só a lei de Deus dá consistência a todos os deveres éticos da vida.
— André de Mattos Duarte