Provérbios e a Saúde da Palavra

O livro de Provérbios apresenta o mesmo conteúdo da lei de Deus, mas em um discurso de instrução familiar e em estilo literário proverbial, isto é, de máximas que conectam as premissas da lei de Deus a resultados práticos. Como seria de se prever, a promessa de saúde não fica de fora:

Filho meu, não te esqueças dos meus ensinos, e o teu coração guarde os meus mandamentos; porque eles aumentarão os teus dias e te acrescentarão anos de vida e paz… Não sejas sábio aos teus próprios olhos; teme ao Senhor e aparta-te do mal; será isto saúde para o teu corpo e refrigério, para os teus ossos (Pv 3.1–2, 7–8).

Filho meu, atenta para as minhas palavras; aos meus ensinamentos inclina os ouvidos. Não os deixes apartar-se dos teus olhos; guarda-os no mais íntimo do teu coração. Porque são vida para quem os acha e saúde, para o seu corpo (Pv 4.20–22).

Há muitas outras referências no livro, algumas que envolvem o mero fato de alguém dar uma palavra de sabedoria divina para alguém no momento adequado. Em todo caso, o fato é que aprender, crer e obedecer às palavras de Deus resultam em saúde física e em várias outras bênçãos da aliança.

Preciso deixar claro aqui que não concordo com a opinião de que os provérbios enunciam máximas gerais que se aplicam a uma maioria de casos e não contam como promessas. Essa invenção hermenêutica é apenas um dispositivo para desculpar os eventuais fracassos das pessoas que, transgredindo a orientação do próprio livro salomônico, são sábias aos próprios olhos. Por exemplo, Salomão diz que, se você ensinar o filho no caminho em que ele deve andar, ele não se desviará dele nem quando for velho. Quando um crente se depara com a situação em que o seu filho, ou o filho de alguém que ele considere muito piedoso, desvia-se da fé, o que ele conclui? Deduz por modus tollens que o filho não foi ensinado no caminho que deve andar? Não, simplesmente resolve que a Bíblia não quer dizer o que ela diz. Ele prefere correr o risco de chamar de mentirosa uma declaração de Deus do que admitir que deve ter errado em algum lugar. Bem, problema dele. Eu estou fora desse time peculiar de “crentes”.

Portanto, quando Provérbios anuncia que a saúde física é resultado de se obedecer às palavras de sabedoria, isso deve ser tomado sim como promessa individual e literal, assim como em todos os outros textos que já estudamos aqui. Não é um “geralmente, nas Condições Normais de Temperatura e Pressão, espera-se que provavelmente aconteça”. Esses rodeios são repugnantes à fé intrépida que a Bíblia nos ensina a ter. Beiram à efeminação espiritual.

Uma primeira aplicação: uma vez que Provérbios é, em sua maior parte, um livro de um pai ensinando ao seu filho (e de uma mãe, no último capítulo), isso significa que todos os pais e mães cristãos precisam ensinar aos seus filhos essa correlação entre obediência e saúde. Se vocês omitem isso, estão sendo maus educadores. Filhos, principalmente quando são crianças, adoecem com frequência. O que você faz? Leva ao pediatra, ao pronto-socorro, dá remédio e faz uma oraçãozinha formal? Ou você encoraja seu filho a receber a cura pela fé e o melhoramento progressivo da saúde pela obediência e maturidade espiritual?

Além disso, uma vez que os provérbios dizem muito sobre educação e disciplina de filhos, o fracasso em praticar essas coisas corretamente irá certamente trazer doenças. Há incontáveis famílias evangélicas oprimidas por doenças simplesmente porque os pais se recusaram a criar os filhos no temor do Senhor e discipliná-los do modo certo. Se você quer uma família cheia de saúde, permaneça na Palavra de Deus, e não nas suas opiniões e gostos pessoais.

Mais uma aplicação: como você se orienta nesta nossa época em que o “cuidado com a saúde” é praticamente um fetiche, para alguns um objetivo de vida? Todo dia sai algum artigo dizendo que tal alimento faz mal ou bem para a saúde, ou que tal exercício físico é bom para prevenir tal doença. Academias e dietas são parte da vida de quase todo mundo. E as modalidades e combinações dessas duas coisas se multiplicam tanto que é impossível que duas pessoas fanáticas por saúde tenham uma conversa racional sobre o assunto. Agora, se você crê na Palavra de Deus, pode parar com essa paranoia dietética. Pode parar de brigar com o carboidrato ou com o glúten como se fosse o demônio. Se a Bíblia ensina que saúde vem pela obediência à Palavra de Deus, então cabe a você buscar na adesão à Palavra a fonte da sua saúde. Sabe o que vai acontecer se você for a pessoa mais fit e natureba do planeta, mas seguir uma conduta bíblica em nível medíocre? Vai ficar doente igual ao seu colega que gosta de McDonald’s. E esse colega vai ser mais saudável do que você se ele for alguém irrepreensível na obediência a Deus e na fé na cura milagrosa. E de quebra irá se refestelar em sabores que você, no fundo da sua alma, sabe que nenhum quiabo jamais conseguirá emular.

— André de Mattos Duarte, trecho da obra “O Senhor Que Te Sara”.