Prosperidade e Paraíso¹⁹
A história da criação começa com prosperidade. Quando Deus criou todas as coisas, ele fez um mundo bom, abençoado, rico de recursos e ideal para ser trabalhado. E para o primeiro lar do primeiro homem, ele plantou um jardim que era ainda melhor do que o restante da criação.
Esse jardim era rico em minerais preciosos:
E saía um rio do Éden para regar o jardim e dali se dividia, repartindo-se em quatro braços. O primeiro chama-se Pisom; é o que rodeia a terra de Havilá, onde há ouro. O ouro dessa terra é bom; também se encontram lá o bdélio e a pedra de ônix. O segundo rio chama-se Giom; é o que circunda a terra de Cuxe. O nome do terceiro rio é Tigre; é o que corre pelo oriente da Assíria. E o quarto é o Eufrates (Gn 2.10–14).
Moisés obviamente atualizou os nomes das localizações quando escreveu esses versos, porém as características são as do Éden original, pois esse é o objeto da sua descrição nesse capítulo. Vemos aqui que o Éden continha ouro e pedras preciosas. Isso é confirmado por Ezequiel depois:
Veio a mim a palavra do Senhor, dizendo: Filho do homem, levanta uma lamentação contra o rei de Tiro e dize-lhe: Assim diz o Senhor Deus: Tu és o sinete da perfeição, cheio de sabedoria e formosura. Estavas no Éden, jardim de Deus; de todas as pedras preciosas te cobrias: o sárdio, o topázio, o diamante, o berilo, o ônix, o jaspe, a safira, o carbúnculo e a esmeralda; de ouro se te fizeram os engastes e os ornamentos; no dia em que foste criado, foram eles preparados. Tu eras querubim da guarda ungido, e te estabeleci; permanecias no monte santo de Deus, no brilho das pedras andavas. Perfeito eras nos teus caminhos, desde o dia em que foste criado até que se achou iniquidade em ti. Na multiplicação do teu comércio, se encheu o teu interior de violência, e pecaste; pelo que te lançarei, profanado, fora do monte de Deus e te farei perecer, ó querubim da guarda, em meio ao brilho das pedras. Elevou-se o teu coração por causa da tua formosura, corrompeste a tua sabedoria por causa do teu resplendor; lancei-te por terra, diante dos reis te pus, para que te contemplem (Ez 28.11–17).
Até hoje não consigo entender por que os cristãos ainda pensam que esse texto é um relato da queda de Satanás. Quando eu li isso pela primeira vez aos 14 anos, imediatamente percebi que havia algo errado nessa teoria, dado que o destinatário é explicitamente “o rei de Tiro” e que diversas expressões não podem se aplicar a Satanás antes da criação do mundo, como “multiplicação do teu comércio” e “lancei-te diante dos reis”. Mas isso parece muito difícil de ser processado pelos teólogos profissionais.
Claro, eles dirão “então como que o rei de Tiro era um querubim, perfeito nos seus caminhos, andando no Éden e tudo o mais?”. Mas isso é petição de princípio. Como eles sabem que Satanás era todas essas coisas à parte dessa passagem, que nem o menciona? Eles não podem alegar esse trecho como texto-prova, porque eles já pressupõem o que estão tentando provar. A Bíblia de fato menciona a queda dos anjos em 2Pedro e em Judas, mas praticamente sem detalhes. Não adianta especular nessa área. Além disso, é simplesmente falso que Satanás estava no Éden e só então caiu. O Éden não é o céu, e sim um jardim físico e literal que Deus plantou em uma área específica do globo. Quando Satanás apareceu no Éden em forma de serpente para tentar o homem, já havia caído, do contrário ele não poderia ter a maldade de ser o tentador.
Mas nós sabemos quem realmente estava no Éden, cheio de sabedoria e formosura, perfeito nos seus caminhos, colocado como querubim guardião de Deus, andando sobre pedras preciosas. A Bíblia nos conta quem é esse personagem. E é Adão. Como que isso não passa pela mente dos cristãos? A Bíblia diz explicitamente que Adão foi criado à imagem e semelhança de Deus, daí sua sabedoria e formosura. Ela diz que Adão foi feito “um pouco menor do que os anjos e coroado de glória e honra” no Salmo 8. Ela diz que Adão estava no Éden, e que lá havia ouro e pedras preciosas. Ela diz que Adão foi um guardião, uma vez que ele recebeu a responsabilidade de cuidar do jardim e de dominar sobre as criaturas. Quanto a ser chamado de querubim, não há nenhum problema com isso, pois a Bíblia fala várias vezes sobre como homens santos podem parecer com anjos (At 6.15) ou serem chamados de anjos (Ap 2.1); aliás, os mesmos teólogos que reclamariam que Adão não era um querubim insistem que “o Anjo do Senhor” no Antigo Testamento era Jesus! E então, por que uma designação figurada cabe para um e não para o outro? Por fim, Adão de fato se corrompeu pela soberba, por querer se elevar à mesma posição de Deus. O encaixe é perfeito. E então faz todo o sentido referir-se ao rei de Tiro dessa maneira, porque esse rei era um filho de Adão, herdeiro da natureza pecaminosa de Adão, representado por Adão na queda original e que pecou contra Deus de maneira muito semelhante à de Adão. Essa interpretação tem todo o amparo do restante da Bíblia e não faz nenhuma violência ao texto. Não entendo qual é a dificuldade dos mestres com isso.
Assim, temos a indicação de que o primeiro Adão era de fato rico e próspero no seu lar paradisíaco.
Quando ele pecou, Deus amaldiçoou a terra, e assim o rendimento do trabalho do homem. Em lugar de um paraíso, ele teria ervas daninhas e espinhos para arrancar, e o seu trabalho seria extenuante até a sua morte. E ele teria de começar do zero em terra erma, expulso do jardim que Deus plantou. Sua prosperidade chegara ao fim. Essa condição lhe daria saudades do paraíso perdido, não por causa de Deus, mas por causa da vida próspera e confortável que lá havia. Para impedir que o homem tentasse invadir o Éden, Deus colocou anjos e uma espada flamejante para vigiar a entrada e, após o dilúvio, removeu totalmente o Éden da face da terra. Assim, o homem foi condenado a viver em uma terra amaldiçoada sempre ansiando por um retorno ao mundo ideal. Sem fé na promessa de redenção de Deus e seguindo o caminho autônomo da serpente, restou para o homem forjar o seu próprio Éden. Ele tomou para si a prerrogativa de redimir a terra pelos seus próprios planos, pelo exercício de sua inventividade.
Como os capítulos anteriores demonstraram, Deus iniciou o retorno ao paraíso terreno quando pronunciou sua aliança de bênção a Abraão e deu a Terra Prometida aos seus descendentes. Essa terra em Canaã seria uma terra abençoada em contraste com o restante do mundo ainda sob maldição. No entanto, nunca foi o intento de Deus que aquela terra fosse uma restrição: ao contrário, todas as demais nações receberiam essa mesma bênção conforme aprendessem os caminhos de Deus revelados a Israel (Dt 4.6–8). O Rei messiânico estenderia seus domínios até os confins da terra (Sl 2.7–8; 72.8), e nele a promessa a Abraão seria cumprida. É totalmente antibíblico restringir essa bênção somente à salvação, ou a benefícios espirituais, pois a aliança com Abraão e com Israel sempre incluiu bênçãos materiais, não só espirituais. Assim como a expulsão do Éden removeu do homem o acesso à árvore da vida e a todas as demais bênçãos materiais que havia no jardim, a redenção da humanidade começa com a salvação e estende seus efeitos a todas as áreas da vida. Jesus veio nos dar ainda mais do que Adão perdeu, e não menos.
A humanidade rebelde, no entanto, recusa-se a receber o paraíso de Deus, porque ele vem com a condição da fé e da obediência. O homem natural não quer submeter a sua vida à lei de Deus, por isso ele rejeita as promessas de prosperidade bíblicas e se esforça por estabelecer os seus próprios termos e controles. Com relação às finanças, a lei de Deus coloca uma liberdade enorme nas mãos do homem: ela cobra dízimos e obriga a certas leis de generosidade e descanso, mas são leis extremamente leves e que colaboram para o enriquecimento. O homem natural, por outro lado, prefere o peso de uma quantidade inacreditável de leis humanas, impostos, burocracias e regulamentações como o meio de trazer de volta a prosperidade de um mundo ideal. Ele quer o paraíso sem Deus. Isso é irracional e opera contra o bem do próprio homem, mas é isso que o pecado fez com as moções da alma humana. Ele odeia tanto Deus e exalta tanto a glória da sua própria autonomia que prefere erigir impérios opressivos a aceitar o jugo suave de Cristo.
Assim, as nações inimigas de Israel fizeram impérios poderosos. A profecia contra o rei de Tiro citada anteriormente mostra isso, e as outras profecias contra o Egito e contra a Babilônia mostram essa soberba por um império autossuficiente. Em Daniel 4, Nabucodonosor observa a Babilônia e diz “Não é esta a grande Babilônia que eu edifiquei para a casa real, com o meu grandioso poder e para glória da minha majestade?” (Dn 4.30). Não é coincidência que a Babilônia seja até hoje conhecida pelos seus jardins suspensos: o anseio por um Éden forjado costuma sair mal disfarçado. Israel não tinha uma prosperidade rival para apresentar, porque sua rebelião contra Deus atraiu a maldição, e não a bênção sobre a terra.
No entanto, o remanescente fiel de Deus sempre confiou na sua promessa de restauração e prosperidade, como vimos no Salmo 126. As promessas de Deus sempre estiveram em vigor, porque a sua aliança com Abraão não pode ser cancelada. Ao contrário, foi confirmada por Cristo, o qual deu a sua vida para que a bênção de Abraão permanecesse garantida para os fiéis. Assim, o curso da história é marcado pelo dilema entre o paraíso de Deus e o paraíso de Satanás, entre a prosperidade das promessas de Deus e a prosperidade da autonomia humana.
Tendo isso em mente, vamos destruir mais um clichê. Esse ficou muito popular há alguns anos, especialmente por ter sido dito por um dos mais famosos pregadores internacionais da atualidade. Seu pronunciamento foi a de que a teologia da prosperidade é maligna porque coloca na boca de Deus uma frase que foi dita pelo diabo: “Tudo isso te darei se, prostrado, me adorares”. Talvez você se lembre de quando esse clichê viralizou na internet. Agora que a emoção passou, reflita corretamente sobre essa afirmação. Tente achar o erro.
Vou ajudar. Jesus disse que aquele que crer nele tem a vida eterna, porque já passou da morte para a vida (Jo 5.24), e não morrerá eternamente (Jo 11.25). Suponha que eu comece a afirmar essa doutrina da vida eterna em Jesus, e então aparece um pregador tentando soar arguto me acusando de colocar na boca de Deus palavras que são do diabo: “Certamente não morrerás”. Ficou clara a dimensão da insanidade?
É óbvio que Satanás fará promessas parecidas com as de Deus. Satanás é um usurpador, um plagiador desde o princípio, e todos os teólogos sabem disso. Se Satanás aparece para Jesus oferecendo todos os reinos da terra em troca de adoração, em vez de pensarmos que Deus jamais faria um acordo como esse, deveríamos antes suspeitar que Satanás está copiando os termos de Deus. Para que a impressão do absurdo retratado pelo clichê funcionasse, seria necessário acusar a teologia da prosperidade de ensinar que Deus nos dará prosperidade em troca de adoração ao diabo. Obviamente, ninguém pensa isso. Então, o clichê comete calúnia, além de revelar uma ignorância bíblica tremenda.
Em Êxodo 23.25, Deus diz “Servireis ao Senhor, vosso Deus, e ele abençoará o vosso pão e a vossa água; e tirará do vosso meio as enfermidades”. Essa é uma promessa de cura e prosperidade em troca de adoração e obediência. Agora você sabe de onde Satanás plagiou os termos de Deus. E Deus não vai rescindir os seus termos só porque o diabo os plagiou. Ao contrário desse pregador estúpido, Deus não vai permitir que Satanás roube as suas palavras. Quem precisa do diabo, afinal de contas? Esqueça o que ele disse a Jesus e creia nas palavras que Deus realmente disse. Que ideia louca é essa de trazer o diabo para essa história?
Quando lembramos que as palavras de Satanás foram ditas especificamente a Jesus, o erro do clichê fica ainda maior. Isso porque Deus de fato prometeu a Jesus exatamente aquilo que Satanás estava oferecendo. Deus já havia dito no Salmo 2.8, no Salmo 22.27, no Salmo 72.8 e em vários outros lugares que todos os reinos da terra pertenceriam ao Messias. Se Deus não pode prometer algo porque coincide com uma oferta de Satanás, então o clichê resulta em uma total negação da entronização de Cristo — é uma renúncia absoluta da fé cristã. Ademais, a Bíblia de fato promete que todos os reinos do mundo servirão ao povo de Deus — leia Isaías 49.23, o capítulo 60 inteiro e Apocalipse 21.24, se não acredita. Qual é, então, a diferença? Simplesmente a diferença entre Deus e o diabo! Tentar ganhar todos os reinos do mundo por meio de servir a Satanás é exatamente o que os ímpios têm feito desde a queda do homem. Mas quem de fato obedece a Deus e crê em Jesus recebe essa mesma posse global.
Jesus Cristo recusou a oferta do diabo e seguiu firme o seu caminho para a cruz. Como recompensa pela sua obediência até a horrenda crucificação, Deus o exaltou dando-lhe um nome acima de todo nome (Fp 2.6–11). Jesus Cristo é o nosso herói que trouxe de volta o paraíso perdido. As riquezas gloriosas que ele conquistou na sua ascensão são partilhadas conosco, os seus irmãos. Somos coerdeiros com Cristo (Rm 8.17), e nele todas as promessas de Deus são cumpridas (2Co 1.20). Que terrível é a ortodoxia que, pretendendo ser tão “cristocêntrica”, nega todos os benefícios que Cristo ganhou para nós, como se a sua ascensão à destra do Pai fosse apenas para si mesmo e nós ficássemos abandonados na condição de peregrinos, doentes, miseráveis e atordoados por confusões. Jamais! A prosperidade de Cristo é a nossa.
Nada mais esperado então do que vermos a Nova Jerusalém descrita em Apocalipse 21 como um Éden desenvolvido. A árvore da vida está ali, porém é um bosque inteiro. O rio está de volta. E as riquezas materiais estão na sua máxima potenciação. O ouro cobre a metrópole cúbica inteira. As pedras preciosas são o material maciço do fundamento das muralhas. A riqueza material é essencial ao paraíso do povo de Deus.
Você pode dizer que tudo isso é para após a volta de Cristo. De fato, a perfeição de todos esses aspectos só se dará após o fim do mundo. Mas várias características da cidade indicam que a profecia descreve o povo de Deus já neste lado da história: por exemplo, as folhas das árvores são para a cura dos povos, e somente há cura onde há doenças, e doenças não existirão após a ressurreição. Além disso, os reis da terra trazem suas riquezas para a cidade, o que indica que eles não fazem parte propriamente do povo de Deus e são distintos dele; todavia, após a ressurreição, só restará o povo de Deus. Se você observar bem, cada uma das bênçãos listadas — não haverá maldição, Deus enxugará toda lágrima etc. — encontra eco nas epístolas do Novo Testamento, mostrando que elas já fazem parte da vida da igreja, ainda que em grau imperfeito. E, como estamos falando de prosperidade, não custa lembrar que até o Israel no Antigo Testamento já desfrutava dessa bênção, desse pequeno reinício do paraíso, quando se mantinham fiéis a Deus. Por que seria diferente com a igreja na vigência da nova aliança, que é uma aliança melhor do que a antiga?
Quando Jesus voltar, veremos o triunfo final do paraíso de Deus e a destruição definitiva de todas as pretensões de paraísos humanos. Até que isso aconteça, estamos no campo de batalha. E essa tensão nunca esteve tão evidente quanto nos últimos anos, com o surgimento do comunismo, das democracias sociais e do movimento hippie.
Uma das frases mais famosas de Marx é que a “religião é o ópio do povo”. Ele disse isso porque, supostamente, a religião cristã prometia um céu que só seria alcançado se os homens fossem desapegados das riquezas do mundo. Assim, o cristianismo seria um aliado do capitalismo para manter o mundo na pobreza, iludidos por uma promessa de paraíso após a morte. Isso significa que grande parte da propaganda marxista nutriu-se do fato de que a religião cristã não era conhecida como uma fé que trazia prosperidade.
Marx de fato trouxe ideias revolucionárias na ordem econômica, embora elas não sejam tão originais — é possível encontrar ecos da sua idealização de igualdade econômica na literatura iluminista e na Revolução Francesa. No entanto, é um grande erro pensar que o marxismo é apenas uma proposta político-econômica. Marx mesmo disse que sua devoção era à “crítica radical de tudo o que existe”. Por essa razão, a esquerda após a Escola de Frankfurt não se limita a questionar o capitalismo, mas sim absolutamente tudo — família, sexualidade, moralidade, tudo o que se possa imaginar. “Desconstrução” é o seu lema para todos os assuntos.
De onde vem esse ímpeto revolucionário tão pervasivo e destrutivo? De Satanás. Marxismo é simplesmente satanismo. O objetivo de Marx nunca foi o de criar um mundo melhor, ou o de elaborar teorias econômicas. Ele conscientemente escrevia lixo para as pessoas — de propósito. Sua intenção era deliberadamente destruir o mundo de Deus por ódio a Deus.²⁰ É por isso que refutar as teorias econômicas do marxismo é um empreendimento fútil. Isso já foi feito com sucesso inúmeras vezes e não adiantou nada. A esquerda não está nem aí para a validade de suas ideias econômicas. Eles querem destruir como lobos tudo o que há de bom, tudo o que tenha a marca de Deus impressa. Das cinzas do mundo de Deus, eles pensam que trarão de volta o paraíso perdido.
Todas as tentativas de criar prosperidade material de acordo com os termos mentirosos de Satanás apenas agravaram a miséria do mundo. Não é novidade para ninguém as horríveis fomes e desolações que as políticas comunistas trazem. E agora, no fim de 2021, o mundo está sofrendo com o caos econômico que os governos do mundo geraram a partir dos lockdowns pela crise do Covid-19. Enquanto isso, o poder da China comunista avança sobre o mundo enquanto os Estados Unidos enfraquecem. Os metacapitalistas contribuem para a causa chinesa dando às massas uma aparência de iniciativa privada e entretenimento com suas empresas gigantes.
O mundo está cada vez mais próximo do paraíso do diabo. A prosperidade financeira dos seus agentes está garantida. O rei de Tiro redivivo marcha para o seu trono mundial. A pergunta é: onde está o Ezequiel de hoje? Debaixo dos pés dos cessacionistas.
No meu livro sobre cura, eu mostrei que toda a crise mundial do Covid-19 e todas as políticas eugenistas, incluindo o nazismo, nunca teriam existido se os cristãos estivessem declarando e praticando a cura milagrosa desde o princípio. No meu segundo livro, mostrei que a supressão dos poderes revelacionais entregou de bandeja o monopólio das predições à mídia e aos “especialistas”. Agora, para completar o quebra-cabeça, afirmo que o pacto entre Marx e Satanás nunca teria logrado sucesso se a igreja não houvesse combatido a prosperidade bíblica. O comunismo é o mais violento filho bastardo do cessacionismo. A busca pela prosperidade material e financeira sem Deus e por meio do controle de homens divinizados só se tornou normal porque a igreja deixou claro que não há Deus para resolver o problema da pobreza. Marx estava certo: a religião cessacionista é um ópio.
Deus é o Criador das riquezas. Ele não precisa de nada, sendo eternamente autossuficiente. Se alguém vai se beneficiar das riquezas materiais, são as pessoas. Se a prosperidade financeira é um problema em si, então Deus não criou todas as coisas originalmente boas, o que contradiz a Bíblia. Se a prosperidade financeira é boa, mas não é uma promessa de Deus, então os homens precisam de algum modo, independentes de Deus, ganhá-la. Mas a Bíblia de fato diz que, fora de Deus, só há maldição. E ela afirma a prosperidade como uma promessa, como um termo fixo e perpétuo da aliança de Deus. A igreja nunca soube lidar com isso. Ela se aliou aos pagãos na guerra contra a fé. Assim, quando aparece alguma igreja carismática declarando a prosperidade em Deus, as igrejas tradicionais logo a denunciam como herege. Mas essas igrejas são as únicas que estão falando a verdade, ou parte da verdade, nesse assunto. Claro, elas podem não entender totalmente o tópico ou apresentá-lo de um modo caricaturado. Porém, as igrejas cessacionistas são incomparavelmente piores, porque elas são bastante refinadas e eruditas na sua condenação do que Deus aprovou.
Se não vamos receber a prosperidade de Deus na terra, então só nos resta aceitar o acordo satânico da prosperidade dos ímpios. Os cristãos com sentimentos escapistas podem não se importar com o que está acontecendo no mundo, mas o sangue de todas as gerações que morreram em miséria estará nas suas mãos. Os cristãos deveriam trazer a bênção de Abraão — a bênção inteira — a todas as nações. Em vez disso, trouxeram as maldições do exílio em troca de um contentamento estoico e uma promessa de céu após a morte. Eles serão julgados por Deus como infiéis.
Não se engane: a única proteção contra o Holodomor mundial é a fé na promessa de prosperidade de Deus. Mais do que nunca, precisamos do Deus que faz correr o azeite da viúva, que multiplica pães e peixes até sobrar, que dobra os reis das nações para trazerem suas riquezas às nossas portas. Nenhum político, nenhuma renovação cultural conservadora, nenhuma revolta de massas — nada irá impedir o Nabucodonosor atual, se Deus realmente enviá-lo. A escolha cada vez mais se fecha nas opções: abandonar o cessacionismo ou morrer de fome. Fortaleça a sua fé, porque dias de trevas estão chegando. Mas para quem permanecer fiel, um paraíso terreno e celestial aguarda. Nós não somos dos que morrem no deserto. Nós somos Josué e Calebe. As igrejas que permanecerem pregando um evangelho anti-cura, antiprofecias e antiprosperidade serão relegadas ao oblívio, pois o fracasso delas nunca foi tão patente. Mas você não precisa ser tragado com elas. Você pode marchar, destruir os cananeus e conquistar a sua herança na terra de Deus. Uma geração de incrédulos pode atrasar você, mas você será preservado e terá a vitória no fim.
━━━━━━━━━━━━━━━
¹⁹ Recomendo o livro Paradise Restored de David Chilton sobre a escatologia do paraíso.
²⁰ Marx e Satã, de Richard Wurmbrand.
— Poder do Alto