Prosperidade e Aliança

O Senhor Que Te Sara
20 min readMar 26, 2023

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Não há como abordar o tema bíblico da prosperidade sem falar sobre a aliança de Deus com o seu povo. Neste capítulo, veremos os textos bíblicos que mostram que a prosperidade material é um dos termos do pacto de Deus, constante desde o chamado de Abraão até a promulgação final da lei de Moisés.

No capítulo sobre o dízimo, adiantei uma parte da explicação da relevância da lei de Moisés. Nós nunca devemos olhar o conteúdo do Pentateuco e supor que ele não diz respeito aos cristãos da nova aliança. Se houve qualificações ou modificações no Novo Testamento, então é o Novo Testamento que deve nos informar. Mas nós não estamos autorizados a descartar parte do conteúdo bíblico apenas porque não se adequa aos nossos costumes, à sociedade moderna ou a tradições teológicas humanas. Com frequência, os teólogos que mais se gabam de serem pactualistas acionam a invenção de que “Deus fez uma aliança apenas com o Estado de Israel como um tipo do reino messiânico” — algo que não tem evidência alguma — sempre que desejam excluir algum conteúdo da lei que contraria os seus preconceitos. A verdade é que, precisamente porque nós somos o Israel de Deus (Gl 6.16), a lei de Deus para Israel deve ser observada por nós e as suas bênçãos derramadas sobre nós. Em primeiro lugar, temos de entender a aliança que Deus fez primeiro com Abraão:

Ora, disse o Senhor a Abrão: Sai da tua terra, da tua parentela e da casa de teu pai e vai para a terra que te mostrarei; de ti farei uma grande nação, e te abençoarei, e te engrandecerei o nome. Sê tu uma bênção! Abençoarei os que te abençoarem e amaldiçoarei os que te amaldiçoarem; em ti serão benditas todas as famílias da terra (Gn 12.1–3).

Aqui, Deus declara que Abraão seria abençoado e abençoador. Ele se tornaria uma grande nação, o que significa que seus descendentes seriam muitos e formariam uma comunidade. E, por meio dessa grande nação, todas as demais nações da terra seriam abençoadas, o que implica na pregação da salvação que Deus pretendia estender ao mundo tudo.

Não está claro ainda que a bênção da prosperidade está incluída nesses termos amplos. Mas logo em seguida nós vemos que Abraão de fato tornou-se muito rico:

Saiu, pois, Abrão do Egito para o Neguebe, ele e sua mulher e tudo o que tinha, e Ló com ele. Era Abrão muito rico; possuía gado, prata e ouro. Fez as suas jornadas do Neguebe até Betel, até ao lugar onde primeiro estivera a sua tenda, entre Betel e Ai, até ao lugar do altar, que outrora tinha feito; e aí Abrão invocou o nome do Senhor. Ló, que ia com Abrão, também tinha rebanhos, gado e tendas. E a terra não podia sustentá-los, para que habitassem juntos, porque eram muitos os seus bens; de sorte que não podiam habitar um na companhia do outro (Gn 13.1–6).

Assim que Deus proclama uma aliança de bênção com Abraão, ele e o seu sobrinho tornam-se tão ricos que a terra não consegue mais sustentar ambos. Você pode achar que é coincidência. Mas, olhando retroativamente, conhecendo os textos bíblicos que vêm depois, é inevitável concluir por uma correlação. Acompanhe-me.

Ao pôr do sol, caiu profundo sono sobre Abrão, e grande pavor e cerradas trevas o acometeram; então, lhe foi dito: Sabe, com certeza, que a tua posteridade será peregrina em terra alheia, e será reduzida à escravidão, e será afligida por quatrocentos anos. Mas também eu julgarei a gente a que têm de sujeitar-se; e depois sairão com grandes riquezas (Gn 15.12–14).

Deus prometeu a Abraão que uma nação viria dele, uma nação que recebe bênçãos de Deus e transmite essas bênçãos às demais nações. Agora, Deus esclarece que haverá um período de escravidão e sofrimento após o qual a nação sairia com “grandes riquezas”. Então, a mesma nação referida em Gênesis 12.1–3 é aquela que sairia rica do Egito. Já está começando a ficar claro que a prosperidade material está incluída nas bênçãos prometidas desde o chamado de Abraão.

Quando atingiu Abrão a idade de noventa e nove anos, apareceu-lhe o Senhor e disse-lhe: Eu sou o Deus Todo-Poderoso; anda na minha presença e sê perfeito. Farei uma aliança entre mim e ti e te multiplicarei extraordinariamente. Prostrou-se Abrão, rosto em terra, e Deus lhe falou: Quanto a mim, será contigo a minha aliança; serás pai de numerosas nações. Abrão já não será o teu nome, e sim Abraão; porque por pai de numerosas nações te constituí. Far-te-ei fecundo extraordinariamente, de ti farei nações, e reis procederão de ti. Estabelecerei a minha aliança entre mim e ti e a tua descendência no decurso das suas gerações, aliança perpétua, para ser o teu Deus e da tua descendência. Dar-te-ei e à tua descendência a terra das tuas peregrinações, toda a terra de Canaã, em possessão perpétua, e serei o seu Deus (Gn 17.1–8).

Deus reitera sua promessa de numerosa descendência, posse da terra e, por consequência, prosperidade material. Afinal, um povo que possui uma terra própria e que contém inclusive reis certamente será próspero.

Como mostrarei no próximo capítulo, a promessa de prosperidade cumpriu-se rapidamente para a descendência de Abraão: Isaque tornou-se rico, depois Jacó saiu com duas caravanas mesmo após sofrer injustiças no trabalho e, por fim, José governou o Egito e abençoou todo o mundo com a prosperidade bem administrada em tempos de fome.

Antes de deixarmos Abraão, é importante ressaltar que todas as bênçãos de que Israel desfruta decorrem da aliança que Deus fez com Abraão. Tudo o que vemos prometido por Deus na lei de Moisés é cumprimento da promessa que Deus fez com o patriarca (Ex 2.24–25; 3.15–18; Lv 26.42). Assim, essas bênçãos só poderiam cessar ou caducar se a aliança de Deus com Abraão também fosse desfeita. No entanto, quando chegamos ao Novo Testamento, lemos que:

É o caso de Abraão, que creu em Deus, e isso lhe foi imputado para justiça. Sabei, pois, que os da fé é que são filhos de Abraão. Ora, tendo a Escritura previsto que Deus justificaria pela fé os gentios, preanunciou o evangelho a Abraão: Em ti, serão abençoados todos os povos. De modo que os da fé são abençoados com o crente Abraão (Gl 3.6–9).

Essa passagem é notável, porque afirma que a bênção que Deus proclamou a Abraão, a qual a sua descendência deveria transmitir para todos os povos, é o evangelho. Se essa bênção inclui promessas de prosperidade, logo a promessa de prosperidade faz parte do evangelho. Isso está de pleno acordo com o que vimos anteriormente em Mateus 6.25–33. Além disso, está claro que a aliança de Deus com Abraão — que é segundo a promessa gratuita de Deus, e não segundo uma justiça por obras — está confirmada para os crentes da nova aliança, uma vez que os da fé são os verdadeiros filhos de Abraão e recebem as bênçãos dele. Isso significa que todas as promessas de Deus baseadas no pacto com Abraão pertencem a nós, o que inclui todas as promessas do Antigo Testamento, até aquelas de que o próprio Abraão desfrutou, como fertilidade, cura, riquezas e poder físico.

Deixe-me repetir: as bênçãos que Deus descreveu na lei de Moisés são cumprimentos da sua promessa a Abraão e à sua descendência, e, uma vez que os cristãos pela fé são os verdadeiros filhos de Abraão, logo todas as bênçãos da lei de Moisés pertencem a eles, isto é, a nós. Isso fica ainda mais evidente quando vemos que Deus prometeu essas bênçãos somente aos fiéis da aliança, e não a qualquer um da etnia de Abraão. Estou enfatizando isso porque, por alguma razão, nunca encontrei essa linha de raciocínio em qualquer discussão sobre teologia da aliança ou sobre a continuidade ou descontinuidade dos termos da lei de Moisés para os cristãos. Mas é um argumento simples, fácil de entender, bíblico, perfeitamente amarrado, inequívoco, irrefutável — perfeito. Tantos esquemas artificiais “histórico-redentivos” para destruir a aplicação da lei de Moisés sobre nós são desnudados como nítidas negações da promessa a Abraão. A lei de Moisés é a lei de Abraão. Lidem com isso agora.

O restante do texto em Gálatas nos informa que a aliança com a descendência de Abraão era, na verdade, baseada na promessa de um Descendente específico, Jesus Cristo. Jesus seria o filho de Abraão que tomaria a maldição da lei sobre si a fim de que as bênçãos prometidas pudessem fluir para os da fé. Assim, ao abordarmos as promessas contidas na lei de Moisés, devemos nos lembrar de que as bênçãos prometidas em função da fidelidade à lei só nos alcançam porque Cristo tomou sobre si a maldição que merecíamos, dado que todos nós fomos infiéis a Deus desde o nosso nascimento. Portanto, ainda que tais bênçãos sejam condicionadas à nossa obediência — isto é, uma obediência que é resultado de uma verdadeira fé no evangelho — nós as recebemos não como retribuição pelo nosso mérito, e sim como uma concessão vinda do amor e da graça de Deus. Nós nunca podemos nos gloriar diante de Deus da nossa fidelidade, e nunca podemos exigir nada dele, como se ele tivesse de cumprir ordens. Claro, a Bíblia mostra que declarações ousadas baseadas na fé nas promessas de Deus são agradáveis a ele, mas isso é também um resultado da genuína fé, e não da vanglória, e de uma visão extremamente elevada sobre Deus, e não de uma autoafirmação pueril. Esse princípio deve nortear a nossa postura quando buscamos prosperidade em Deus, e muitos neopentecostais erram quando reclamam prosperidade tratando Deus com irreverência, murmuração ou com manipulações. Esses abusos merecem total condenação. Prosperidade é uma promessa da graça de Deus, não do nosso merecimento.

Avançando para a aliança que Deus fez com Israel, lemos a reiteração da promessa de prosperidade desde o primeiro chamado de Moisés:

Disse mais: Eu sou o Deus de teu pai, o Deus de Abraão, o Deus de Isaque e o Deus de Jacó. Moisés escondeu o rosto, porque temeu olhar para Deus. Disse ainda o Senhor: Certamente, vi a aflição do meu povo, que está no Egito, e ouvi o seu clamor por causa dos seus exatores. Conheço-lhe o sofrimento; por isso, desci a fim de livrá-lo da mão dos egípcios e para fazê-lo subir daquela terra a uma terra boa e ampla, terra que mana leite e mel; o lugar do cananeu, do heteu, do amorreu, do ferezeu, do heveu e do jebuseu (Ex 3.6–8).

Deus se revela como o Deus de Abraão que veio visitar o seu povo em aflição. Está claro que tudo o que Deus fará por Israel é em razão do pacto feito com Abraão. Por isso, ele menciona a concessão de uma terra, a mesma terra que ele havia prometido ao patriarca. No entanto, há um esclarecimento novo aqui: essa terra é “terra boa e ampla, terra que mana leite e mel”. Deus não daria uma terra estéril ou desértica, mas uma terra que de fato renderia frutos, uma terra materialmente aprazível. Essa ênfase aparecerá em vários lugares ao longo da lei:

Se andardes nos meus estatutos, guardardes os meus mandamentos e os cumprirdes, então, eu vos darei as vossas chuvas a seu tempo; e a terra dará a sua messe, e a árvore do campo, o seu fruto. A debulha se estenderá até à vindima, e a vindima, até à sementeira; comereis o vosso pão a fartar e habitareis seguros na vossa terra (Lv 26.3–5).

Guarda os mandamentos do Senhor, teu Deus, para andares nos seus caminhos e o temeres; porque o Senhor, teu Deus, te faz entrar numa boa terra, terra de ribeiros de águas, de fontes, de mananciais profundos, que saem dos vales e das montanhas; terra de trigo e cevada, de vides, figueiras e romeiras; terra de oliveiras, de azeite e mel; terra em que comerás o pão sem escassez, e nada te faltará nela; terra cujas pedras são ferro e de cujos montes cavarás o cobre. Comerás, e te fartarás, e louvarás o Senhor, teu Deus, pela boa terra que te deu (Dt 8.6–10).

Guardai, pois, todos os mandamentos que hoje vos ordeno, para que sejais fortes, e entreis, e possuais a terra para onde vos dirigis; para que prolongueis os dias na terra que o Senhor, sob juramento, prometeu dar a vossos pais e à sua descendência, terra que mana leite e mel. Porque a terra que passais a possuir não é como a terra do Egito, donde saístes, em que semeáveis a vossa semente e, com o pé, a regáveis como a uma horta; mas a terra que passais a possuir é terra de montes e de vales; da chuva dos céus beberá as águas; terra de que cuida o Senhor, vosso Deus; os olhos do Senhor, vosso Deus, estão sobre ela continuamente, desde o princípio até ao fim do ano. Se diligentemente obedecerdes a meus mandamentos que hoje vos ordeno, de amar o Senhor, vosso Deus, e de o servir de todo o vosso coração e de toda a vossa alma, darei as chuvas da vossa terra a seu tempo, as primeiras e as últimas, para que recolhais o vosso cereal, e o vosso vinho, e o vosso azeite. Darei erva no vosso campo aos vossos gados, e comereis e vos fartareis (Dt 11.8–15).

Deus mesmo promete que se encarregará de cuidar para que a terra seja boa e produtiva. Isso é parcialmente uma reversão da maldição anunciada a Adão:

E a Adão disse: Visto que atendeste a voz de tua mulher e comeste da árvore que eu te ordenara não comesses, maldita é a terra por tua causa; em fadigas obterás dela o sustento durante os dias de tua vida. Ela produzirá também cardos e abrolhos, e tu comerás a erva do campo. No suor do rosto comerás o teu pão, até que tornes à terra, pois dela foste formado; porque tu és pó e ao pó tornarás (Gn 3.17–19).

Certamente os israelitas teriam de trabalhar, mas Deus promete abençoar, e não amaldiçoar, a terra. A aliança da graça de Deus, segundo a promessa a Abraão, já começa a banir a maldição do primeiro Adão desde o Antigo Testamento. É claro que somente o Descendente de Abraão, o segundo Adão, iria satisfazer a justiça de Deus e comprar com o seu sangue todos os eleitos, transportando-os do reino da maldição para o reino da bênção. Mas Deus antecipou os benefícios da redenção em Jesus para todos os que partilham da mesma fé de Abraão, incluindo aqueles israelitas que atenderam à proclamação da lei quando Moisés a promulgou. Perceba como a teologia da aliança tem tudo a ver com a bênção da prosperidade material.

A ação de Deus sobre a terra seria tão poderosa que exigiria fé dos israelitas para que não trabalhassem tanto:

Quando entrardes na terra e plantardes toda sorte de árvore de comer, ser-vos-á vedado o seu fruto; três anos vos será vedado; dele não se comerá. Porém, no quarto ano, todo o seu fruto será santo, será oferta de louvores ao Senhor. No quinto ano, comereis fruto dela para que vos faça aumentar a sua produção. Eu sou o Senhor, vosso Deus (Lv 19.23–25).

Disse o Senhor a Moisés, no monte Sinai: Fala aos filhos de Israel e dize-lhes: Quando entrardes na terra, que vos dou, então, a terra guardará um sábado ao Senhor. Seis anos semearás o teu campo, e seis anos podarás a tua vinha, e colherás os seus frutos. Porém, no sétimo ano, haverá sábado de descanso solene para a terra, um sábado ao Senhor; não semearás o teu campo, nem podarás a tua vinha. O que nascer de si mesmo na tua seara não segarás e as uvas da tua vinha não podada não colherás; ano de descanso solene será para a terra. Mas os frutos da terra em descanso vos serão por alimento, a ti, e ao teu servo, e à tua serva, e ao teu jornaleiro, e ao estrangeiro que peregrina contigo; e ao teu gado, e aos animais que estão na tua terra, todo o seu produto será por mantimento… A terra dará o seu fruto, e comereis a fartar e nela habitareis seguros. Se disserdes: Que comeremos no ano sétimo, visto que não havemos de semear, nem colher a nossa messe? Então, eu vos darei a minha bênção no sexto ano, para que dê fruto por três anos. No oitavo ano, semeareis e comereis da colheita anterior até ao ano nono; até que venha a sua messe, comereis da antiga. (Lv 25.1–7, 19–22).

A primeira referência diz que, quando os israelitas entrassem na terra, teriam de começar a plantar, porém não poderiam comer nenhum fruto das suas plantações por três anos. O que então eles comeriam? O fruto das árvores que já existissem. Deus mesmo faria com que as árvores plantadas anteriormente pelos cananeus e aquelas que houvessem crescido sem trabalho humano fossem suficientes para alimentar os israelitas por três anos.

A segunda referência afirma a determinação do ano sabático. O trabalho durava seis anos, mas o sétimo ano tinha de ser de descanso da terra. Os israelitas não podiam nem semear, nem podar e nem mesmo colher — teriam de se alimentar do que caísse no chão. Era um descanso obrigatório por um ano inteiro. E Deus, antecipando que eles ficariam apreensivos, declara que enviaria a sua bênção no sexto ano de tal modo que os frutos durariam até o nono ano! Assim, ao oitavo ano e ao nono ano, os israelitas estariam comendo do seu trabalho nesses anos e ainda com as sobras do sexto ano. O descanso no sétimo ano, longe de impedir esse fluxo transbordante de prosperidade, iria garanti-lo com a bênção de Deus. Assim é a bênção da prosperidade: além de tornar o trabalho próspero, também torna o descanso próspero. Tudo para que os israelitas desfrutassem de uma vida boa e abastada dando graças ao Senhor por isso, sem qualquer vanglória.

É claro que o desfrute da prosperidade material só pode existir em um espírito humilde e obediente diante de Deus:

Guarda-te não te esqueças do Senhor, teu Deus, não cumprindo os seus mandamentos, os seus juízos e os seus estatutos, que hoje te ordeno; para não suceder que, depois de teres comido e estiveres farto, depois de haveres edificado boas casas e morado nelas; depois de se multiplicarem os teus gados e os teus rebanhos, e se aumentar a tua prata e o teu ouro, e ser abundante tudo quanto tens, se eleve o teu coração, e te esqueças do Senhor, teu Deus, que te tirou da terra do Egito, da casa da servidão, que te conduziu por aquele grande e terrível deserto de serpentes abrasadoras, de escorpiões e de secura, em que não havia água; e te fez sair água da pederneira; que no deserto te sustentou com maná, que teus pais não conheciam; para te humilhar, e para te provar, e, afinal, te fazer bem. Não digas, pois, no teu coração: A minha força e o poder do meu braço me adquiriram estas riquezas. Antes, te lembrarás do Senhor, teu Deus, porque é ele o que te dá força para adquirires riquezas; para confirmar a sua aliança, que, sob juramento, prometeu a teus pais, como hoje se vê. Se te esqueceres do Senhor, teu Deus, e andares após outros deuses, e os servires, e os adorares, protesto, hoje, contra vós outros que perecereis. Como as nações que o Senhor destruiu de diante de vós, assim perecereis; porquanto não quisestes obedecer à voz do Senhor, vosso Deus (Dt 8.11–20).

Esse texto deveria ser a resolução definitiva contra todos aqueles que se envergonham da promessa de prosperidade. É óbvio que uma pessoa agraciada por Deus com riquezas materiais estaria sujeita à tentação de se ensoberbecer, dando glórias a si mesma pela sua capacidade, e afastando-se de Deus para seguir um caminho autônomo. Mas Deus sabia disso e antecipou essa possibilidade, registrando essa advertência. Ora, se Deus sabia que esse perigo existia, então por que ele não apenas cancelou suas promessas? Por que ele deu ao homem algo tão perigoso ao espírito como a prosperidade financeira? Se ele fosse como os teólogos tradicionais, é assim que ele iria raciocinar. Mas felizmente Deus é o todo-sábio. A solução de Deus não é remover, atenuar ou relativizar as promessas de bênçãos materiais, e sim afirmá-las com essa advertência. É assim que ele vê a responsabilidade humana. Ele capacitou os redimidos com força e resiliência para serem santos e prósperos ao mesmo tempo. Se alguém cometer o pecado descrito nesse texto, a culpa é inteiramente do coração mau do indivíduo. As promessas continuam de pé.

Por fim, as bênçãos em Deuteronômio 28 são inequívocas:

Se ouvires a voz do Senhor, teu Deus, virão sobre ti e te alcançarão todas estas bênçãos: Bendito serás tu na cidade e bendito serás no campo. Bendito o fruto do teu ventre, e o fruto da tua terra, e o fruto dos teus animais, e as crias das tuas vacas e das tuas ovelhas. Bendito o teu cesto e a tua amassadeira. Bendito serás ao entrares e bendito, ao saíres… O Senhor determinará que a bênção esteja nos teus celeiros e em tudo o que colocares a mão; e te abençoará na terra que te dá o Senhor, teu Deus… E todos os povos da terra verão que és chamado pelo nome do Senhor e terão medo de ti. O Senhor te dará abundância de bens no fruto do teu ventre, no fruto dos teus animais e no fruto do teu solo, na terra que o Senhor, sob juramento a teus pais, prometeu dar-te. O Senhor te abrirá o seu bom tesouro, o céu, para dar chuva à tua terra no seu tempo e para abençoar toda obra das tuas mãos; emprestarás a muitas gentes, porém tu não tomarás emprestado. O Senhor te porá por cabeça e não por cauda; e só estarás em cima e não debaixo, se obedeceres aos mandamentos do Senhor, teu Deus, que hoje te ordeno, para os guardar e cumprir (Dt 28.2–6, 8, 10–13).

A aliança de Deus é uma aliança de bênçãos. Note quantas vezes ele enfatiza que abençoará o seu povo com provisão material, sucesso no trabalho, chuvas no tempo propício, uma terra que colabora em lugar de resistir ao homem. Nossos estoques, nossos filhos, nossa produção está toda debaixo da bênção de Deus.

Muitos cristãos já acusariam o próprio Deus de ter uma teologia rasa por falar tanto sobre bênçãos! Eles inventam a sua própria aliança com Deus em que Deus tira tudo de nós, confunde nossos planos, envolve a nossa jornada em enigmas, frustra nossos esforços, tudo isso para nos ensinar a amar “o Deus das bênçãos, e não as bênçãos de Deus”. Mas a partir do momento em que eles rejeitam os termos em que Deus estabeleceu a sua aliança, ficam sem Deus e sem bênçãos. Qualquer um que manifeste repúdio ou atenuações para as bênçãos materiais que Deus descreve está se colocando no lugar do próprio Deus, tentando redigir os seus próprios termos, como um negociador. Espere, eu não deveria ter dito isso! Afinal, todos sabemos que os cristãos que falam em prosperidade é que são aqueles que tentam barganhar com Deus, certo? Parece que o jogo virou. Se Deus oferece um contrato de bênçãos materiais e você devolve com uma contraproposta que contenha apenas bênçãos “espirituais”, quem é que está realmente pechinchando algo com Deus? Cristãos humildes simplesmente não discutem: eles agradecem as inúmeras bênçãos prometidas por Deus e as declaram com alegria.

Observe ainda que essas bênçãos são distintivas do povo da aliança. Deus afirma claramente que elas irão marcar os obedientes a Deus em contraste com os povos pagãos. Os cristãos irão impactar o mundo por meio de desfrutar das bênçãos materiais de Deus, pois elas serão um testemunho de um Deus que favorece o seu povo. Eles irão, inclusive, dominar sobre os pagãos sendo os credores destes. Isso é o exato oposto do pensamento cristão de hoje, que afirma que os pagãos é que dominarão o mundo com seus oligopólios bilionários, enquanto os cristãos irão apenas sofrer e peregrinar. A situação de hoje reflete esse pensamento precisamente porque os cristãos estão há séculos se envergonhando dos termos da aliança de Deus.

Agora, do mesmo modo como Deus elenca bênçãos para a obediência, também lista maldições para a desobediência. O trecho das maldições é consideravelmente mais extenso do que o das bênçãos e traz imagens vívidas de horror. Deus promete tornar a terra estéril e seca e enviar as pragas que foram lançadas no Egito. E o pouco que for produzido será confiscado por outros. Imagine que terrível trabalhar duramente apenas para ver um povo estranho invadir e confiscar a sua produção. O massacre do Holodomor no governo de Stálin, que matou entre 6 e 8 milhões de ucranianos de fome,⁷ ilustra essa tragédia prenunciada por Deus. Mas não precisamos ir tão longe: os impostos pesados que pagamos sobre cada produção, cada transação e cada patrimônio todos os dias já é o cumprimento da maldição de Deus.

Isso significa que a bênção da prosperidade material está condicionada à obediência. Se não houver obediência, antes rebelião e antinomia, então devemos esperar a maldição de Deus, a maldição de pobreza, miséria e confiscos. É de extrema importância ressaltar isso. Quase nenhuma igreja leva a sério a lei de Deus. Geralmente, os neopentecostais que tanto falam da prosperidade não se importam em seguir a lei de Deus — eles rapidamente chamariam qualquer menção à lei de “legalismo”. Eles reclamam a prosperidade simplesmente por efusividade, mas não cumprem os termos que Deus estabeleceu. Essa é a face tão denunciada pelos teólogos tradicionais, e que de fato aparece na condenação que os profetas de Deus anunciaram:

Se houver alguém que, seguindo o vento da falsidade, mentindo, diga: Eu te profetizarei do vinho e da bebida forte, será este tal o profeta deste povo (Mq 2.11).

Pelo que dize-lhes esta palavra: Assim diz o Senhor, Deus de Israel: Todo jarro se encherá de vinho; e dir-te-ão: Não sabemos nós muito bem que todo jarro se encherá de vinho? Mas tu dize-lhes: Assim diz o Senhor: Eis que eu encherei de embriaguez a todos os habitantes desta terra, e aos reis que se assentam no trono de Davi, e aos sacerdotes, e aos profetas, e a todos os habitantes de Jerusalém. Fá-los-ei em pedaços, atirando uns contra os outros, tanto os pais como os filhos, diz o Senhor; não pouparei, não terei pena, nem terei deles compaixão, para que os não destrua (Jr 13.12–14).

Então, disse eu: Ah! Senhor Deus, eis que os profetas lhes dizem: Não vereis espada, nem tereis fome; mas vos darei verdadeira paz neste lugar. Disse-me o Senhor: Os profetas profetizam mentiras em meu nome, nunca os enviei, nem lhes dei ordem, nem lhes falei; visão falsa, adivinhação, vaidade e o engano do seu íntimo são o que eles vos profetizam. Portanto, assim diz o Senhor acerca dos profetas que, profetizando em meu nome, sem que eu os tenha mandado, dizem que nem espada, nem fome haverá nesta terra: À espada e à fome serão consumidos esses profetas (Jr 14.13–15).

Assim diz o Senhor dos Exércitos: Não deis ouvidos às palavras dos profetas que entre vós profetizam e vos enchem de vãs esperanças; falam as visões do seu coração, não o que vem da boca do Senhor. Dizem continuamente aos que me desprezam: O Senhor disse: Paz tereis; e a qualquer que anda segundo a dureza do seu coração dizem: Não virá mal sobre vós. Porque quem esteve no conselho do Senhor, e viu, e ouviu a sua palavra? Quem esteve atento à sua palavra e a ela atendeu? Eis a tempestade do Senhor! O furor saiu, e um redemoinho tempestuou sobre a cabeça dos perversos. Não se desviará a ira do Senhor, até que ele execute e cumpra os desígnios do seu coração; nos últimos dias, entendereis isso claramente. Não mandei esses profetas; todavia, eles foram correndo; não lhes falei a eles; contudo, profetizaram. Mas, se tivessem estado no meu conselho, então, teriam feito ouvir as minhas palavras ao meu povo e o teriam feito voltar do seu mau caminho e da maldade das suas ações (Jr 23.16–22).

A declaração de prosperidade sem que haja arrependimento de pecados e compromisso com a obediência não provém de fé, e sem de presunção. Deus declara maldições terríveis para os que andam na transgressão. É necessário ser enfático na exortação aos nossos deveres para com a lei de Deus tanto quanto na exposição das maravilhosas promessas que Deus derrama sobre aqueles que ouvirem a sua voz.

Isso já deve responder imediatamente ao problema da “prosperidade do ímpio”. O Salmo 73 mostra com toda a clareza o que significa a abundância material dos perversos: não é uma bênção de Deus sobre eles, e sim uma armadilha. Deus às vezes faz com os que os ímpios enriqueçam, mas isso apenas para aumentar a condenação deles e torturá-los enquanto envenenam suas almas com o amor ao dinheiro. Isso não é “graça comum” — é maldição mesmo. Por outro lado, a prosperidade dos justos não é um truque, e sim um presente sincero e benéfico: “A bênção do Senhor enriquece, e, com ela, ele não traz desgosto” (Pv 10.22).

Esse foi um resumo da aliança de Deus no que diz respeito à promessa de prosperidade. Os termos de Deus são claros, diretos e irrevogáveis. Esse foi o contrato que Deus firmou com o seu povo. Se você vir algum teólogo que se acha especialista em “teologia do pacto” ou “teologia da aliança” e que, ao mesmo tempo, nega, relativiza ou até maldiz as promessas de prosperidade financeira, saiba que você está diante de um impostor. Que os teólogos que mais enchem os pulmões para falar sobre “teologia do pacto” sejam aqueles que mais debilitam a confiança do povo de Deus nas promessas que Deus mesmo declarou na aliança é um indicativo de como a insanidade mental tomou conta do academicismo cristão.

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O Livro Negro do Comunismo, de diversos autores.

— Fonte: Poder do Alto

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O Senhor Que Te Sara
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Written by O Senhor Que Te Sara

“Eu sou o SENHOR que te sara” (Êxodo 15:26). Despertando sua fé para o sobrenatural de Deus. Refutando o cessacionismo e outras doutrinas do incredulismo.

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