Poder e Responsabilidade
Oliver Amorim
Para viciados em pornografia, não existe clínica de recuperação, campanhas de conscientização, ou políticas de saúde pública. Isso porque o mundo não está nem aí pra isso. Os cristãos, então, mesmo sabendo que há danos neurológicos e hormonais causados pelo vício em pornografia, tratam como pecado, exigindo acompanhamento pastoral, oração e uma determinação obstinada para mudança de hábitos.
Já os viciados em álcool, fumo e outras drogas são tratados de forma diferente. Os cristãos veem tudo o que o mundo faz para “tratar” dessas pessoas e assumem a mesma abordagem. Então eles exigem total abstinência do álcool e ainda ordenam que os outros irmãos se abstenham também. E isso até mesmo na ceia do Senhor.
Não há nenhuma diferença essencial (ainda que possa haver de grau) entre o vício em pornografia e o vício em álcool. Os dois são pecado. Os dois apresentam correlação com alterações neurológicas. Os dois manifestam o mesmo padrão de comportamento. Mas a igreja só trata do modo bíblico aquele vício em que o mundo não se mete. O que prova o quão vendidos são os cristãos à aprovação do mundo.
Em 1Corintios 6, Paulo diz que alguns dos coríntios eram bêbados no passado. Em 1Coríntios 11, Paulo diz que alguns ainda se embriagavam na ceia. O que ele diz pra se fazer a respeito? Cancelar o vinho? Oferecer a opção do suco? Não, ele só ordena que haja controle e discernimento. Como em qualquer outro pecado, há a responsabilidade do crente de parar de pecar e a promessa de Deus de total libertação. Nada fora do ordinário.
Quando os crentes tratam o vício em álcool e fumo como algo extremamente difícil e delicado, reforçam a mentalidade de vítima e de fraqueza, que é exatamente o que impede a experiência de libertação completa. Quando um cristão entende que está empoderado pelo Espírito Santo e que está ancorado em uma promessa de expiação e vitória, nada poderá impedi-lo de superar qualquer vício.
Se um ex-viciado decidir nunca mais tomar álcool, isso é entre ele e Deus. Mas se um crente faz disso uma regra e uma expectativa para todo ex-viciado, está sendo legalista e inconsistente. É tão absurdo quanto dizer a um ex-viciado em pornografia que ele nunca mais faça sexo, nem mesmo com o cônjuge. Políticas eclesiásticas de abstinência total procedem de uma mentalidade mundana e seletiva. Na Bíblia, tudo, absolutamente tudo se resolve com poder e responsabilidade.
— Oliver Amorim (Ministério Poder e Liberdade)