O Estranho Caso da Fé “Supersticiosa”
“Quando ouviu falar de Jesus, chegou por trás dele, no meio da multidão, e tocou em seu manto, porque pensava: “Se eu tão somente tocar em seu manto, ficarei curada”. Imediatamente cessou sua hemorragia e ela sentiu em seu corpo que estava livre do seu sofrimento.” (Marcos 5:27-29)
É curiosa a maneira como os comentaristas costumam qualificar a fé dessa mulher. Parece ser um mantra no meio acadêmico que a fé dessa mulher era supersticiosa. Não há nada no texto que sequer indique isso. Absolutamente nada que sequer pincele a possibilidade.
Todavia, tomemos o pensamento dos que deliram sobre seus profundos estudos acadêmicos. Suponhamos que essa seja o caso de uma fé supersticiosa. Essa fé supersticiosa tem maior expectação em receber de Jesus do que qualquer fé “ortodoxa” atual. Ela pensou consigo que bastaria um toque na roupa de Jesus para que ela fosse curada. Os seus atuais detratores nem de longe ousam a chegar nesse nível. Estão muito longe, estão muito aquém de uma fé supersticiosa. Mais que isso, a fé dessa mulher literalmente TOMOU o poder de Jesus de modo que Ele foi capaz de, surpreso, diferenciar o toque dela do da multidão (vv. 30–31). A fé da mulher puxou a virtude de Jesus e ele notou isso. Para além dessas notórias coisas que a “supersticiosa” fé fez, Jesus Cristo, depois de a tratar carinhosamente como “filha”, declara que “a fé dela” a salvou (v. 34). Uma fé supersticiosa curando/salvando?
Não, não é que a fé dela seja estranha ou supersticiosa, é que a fé desses comentaristas e da maioria de seus leitores mancos é que estão muito aquém. Na verdade, é a fé deles que ainda é muito supersticiosa e a fé dessa mulher que é muito cristológica, pois acreditava que mesmo o seu manto poderia livra-la daquela impureza. A perícope em questão inicia assim: “… quando ouviu falar de Jesus” (v. 27) — isso foi o suficiente para ela. Para o fariseu moderno, para o que está cego, o que está endurecido, nem mesmo a revelação completa tem sido o suficiente para chegar nem mesmo perto desse tipo de fé.
— Iury Tavares