Métodos para a Cura

O Senhor Que Te Sara
4 min readMar 9, 2023

--

Quanto aos procedimentos específicos para a cura milagrosa, nós vemos diversos deles na Escritura. O mais comum é provavelmente o da imposição de mãos. Outro muito comum é o da simples ordem verbal, presencialmente ou à distância. Vimos também a unção com óleo em Tiago 5. Mas podemos fazer uma lista com vários outros menos comuns. Eliseu mandou o seu servo tocar o menino morto com o seu cajado. Depois, ele se deitou sobre o menino. Ele curou a lepra de Naamã mandando-o mergulhar no rio sete vezes. Ele também curou um morto quando os ossos do seu cadáver tocaram nele. Isaías mandou fazer uma pasta de figos para aplicar na úlcera de Ezequias. Jesus usou saliva algumas vezes, e usou até do barro do chão para curar. Paulo às vezes enviava objetos pessoais que carregavam o seu poder de cura.

Alguns desses métodos nos parecem estranhos, porque foram registrados sem muita explicação na Bíblia. Mas, como eles existem, ninguém pode se opor a eles em princípio. E outros métodos também podem ser usados. A Bíblia não regulamenta o uso deles. Podem haver métodos mais convenientes a depender da cultura ou da personalidade de cada indivíduo. Muitas vezes, Jesus curou enfermos de acordo com o método que eles mesmos pediam, como quando alguém pedia para Jesus impor as mãos ou para proferir uma palavra de cura à distância. Quando alguém chamava Jesus para entrar na sua casa, ele também ia. O operador de milagres pode ser bem flexível nisso. Além disso, o operador de curas precisa ser sensível a certas inconveniências de situação: por exemplo, não é uma boa ideia que um homem cure uma moça por meio da imposição de mãos se não houver testemunhas.

Há também flexibilidade nos métodos verbais. O cristão pode orar pedindo a cura ou pode dirigir-se diretamente à doença ordenando que ela saia, ou pode falar diretamente ao enfermo comandando que ele fique curado, ou pode agradecer a Deus por já ter operado a cura, mesmo antes de ela se manifestar. Ou todas essas coisas juntas. Jesus e os discípulos fizeram tudo isso. Jesus expulsou um demônio de enfermidade sem precisar falar com ele, apenas ordenando que a mulher encurvada ficasse curada. Às vezes, ele não emitia uma palavra no imperativo, mas apenas descrevia o estado de cura no presente do indicativo (“teu servo está curado”, “a menina não está morta, mas dorme”). Às vezes o nome de Jesus era usado explicitamente, às vezes não. Mais uma vez, temos de ser receptivos a todas essas variedades verbais.

Isso mais uma vez expõe o erro dos reformados e o dos carismáticos. Os reformados erram quando criticam os métodos. Eles pensam que a única coisa que podemos fazer é orar, e apenas com aquela oração que deixa em aberto a possibilidade da cura. É claro que isso não vai ter eficácia nenhuma. Mas eles veem com extrema suspeita as palavras de ordem e a imposição de mãos, taxando essas coisas de misticismo, de superstição ou de atentar contra a soberania de Deus. Eles detestam a ideia de que podemos “determinar” um estado de coisas. Nisso eles estão totalmente errados e até blasfemam contra a Escritura, porque acusam de pecado o próprio Jesus e os discípulos. Ora, as “determinações” e palavras no imperativo só são legítimas porque Jesus nos deu autoridade sobre as doenças, e ele só nos deu autoridade porque ele é soberano para isso. Portanto, negar que podemos dar ordens às doenças é negar a soberania de Deus. Reformados são os que mais falam sobre a soberania de Deus e os que menos entendem do assunto.

Mas é verdade que os carismáticos muitas vezes caem em misticismo e até idolatria quando supervalorizam os métodos. Alguns inventam métodos do nada e passam a acreditar que só aquele método é que funciona. É o que acontece muitas vezes com a unção com óleo. Certas seitas neopentecostais mais extremas chegam a comercializar objetos que alegadamente trazem cura, e assim acabam se parecendo mais com religiões fetichistas indígenas do que com o cristianismo. Isso também precisa ser combatido com severidade, porque nós sempre olhamos para Deus com fé, e não para métodos, procedimentos, rituais ou objetos. Alguns pensam que certas palavras são mais poderosas que outras. Muitos têm aquela ideia popular de que “a palavra tem poder”, e aí pensam que, só porque alguém disse que está doente ou que pensa estar doente, logo essa pessoa vai ficar doente mesmo. E, nesse caso, a cura acontece se o enfermo ficar repetindo que está curado. Veja, a declaração de um estado de cura foi praticada por Jesus e pelos discípulos e está correta em princípio. Mas a cura e a doença não dependem do mero proferir de palavras específicas. As palavras não têm poder em si mesmas, só porque estão no ar. As palavras têm poder quando afirmadas com fé e quando extraem significação a partir das promessas de Deus.

Portanto, é necessário evitar os dois extremos: nem podemos exagerar a importância dos métodos nem podemos proibi-los. Os cristãos precisam sempre cuidar da fé em Deus e do entendimento da extensão das suas promessas milagrosas. Se vão orar ou ordenar, se vão fazer isso presencialmente ou à distância, se vão tocar com as mãos ou usar objetos, isso tudo é de menor importância. Havendo fé em Deus, a cura está garantida. É isso que importa.

— André de Mattos Duarte. O Senhor Que Te Sara: A exposição completa da doutrina da cura bíblica. Editora Bibliomundi, 2020, pp. 149–153.

--

--

O Senhor Que Te Sara
O Senhor Que Te Sara

Written by O Senhor Que Te Sara

“Eu sou o SENHOR que te sara” (Êxodo 15:26). Despertando sua fé para o sobrenatural de Deus. Refutando o cessacionismo e outras doutrinas do incredulismo.

No responses yet