Imanência e Milagres
Na teologia usamos os conceitos de transcendência e imanência para explicar como Deus se relaciona com a sua criação. A transcendência refere-se à separação de Deus. Deus não é parte da criação, pois transcende o tempo e o espaço que a contém. Contudo, ele não está ausente, visto que o universo depende de sua atividade para continuar existindo e funcionando. A essa presença ativa de Deus chamamos imanência.
O Salmo 113 ilustra esses princípios dizendo: “Excelso é o SENHOR, acima de todas as nações, e a sua glória, acima dos céus. Quem há semelhante ao SENHOR, nosso Deus, cujo trono está nas alturas, que se inclina para ver o que se passa no céu e sobre a terra? Ele ergue do pó o desvalido e do monturo, o necessitado, para o assentar ao lado dos príncipes, sim, com os príncipes do seu povo. Faz que a mulher estéril viva em família e seja alegre mãe de filhos”. Em outras palavras, Deus está tão acima da sua criação que para observar o céu ele teria que olhar para baixo. Contudo, isso não é um problema, porque ele está disposto a se inclinar até ao ponto de notar os personagens sociais mais insignificantes, como o homem pobre e a mulher estéril. E Deus não é um observador indiferente ou sádico, mas um interventor cheio de compaixão e misericórdia, cheio de graça e redenção. Ele muda a vida das pessoas realizando milagres de cura e prosperidade em favor delas.
A Bíblia usa os milagres de cura e prosperidade para ilustrar a imanência, e esse é o método perfeito, porque embora nenhuma questão humana seja tão importante a ponto de justificar o interesse divino, a questão da redenção dos pecados é a mais importante. Portanto, se o objetivo é enfatizar quão envolvido Deus está com o mundo, devemos ir além da expiação e considerar as bençãos que, em disputa com ela, parecem menos importantes.
Assim, a resposta final de Deus ao deísmo, que é a crença de que Deus não atua no mundo, é a afirmação dos milagres de cura e prosperidade. Deus age no tempo e no espaço para resolver as grandes e pequenas questões dos homens. Deus se fez homem e se entregou à morte, não somente para expiar pecados, mas também para garantir cura e prosperidade para o seu povo, pois como diz a Escritura, fomos sarados por suas feridas e enriquecidos por sua pobreza.
— Gabriel Arauto