Doenças da Alma

Quando resgatamos a doutrina bíblica da cura, uma montanha de confusões e dúvidas sobre a questão das doenças da alma, ou doenças psicossomáticas, fica instantaneamente resolvida.

Em primeiro lugar, é fato que muito do que hoje em dia é tratado pela psicologia e pela psiquiatria como doença é, na verdade, pecado. Um dos exemplos mais comuns é o da ansiedade. A Bíblia diz explicitamente que não devemos andar ansiosos pela nossa vida, mas devemos fazer conhecidas de Deus nossas petições para que a paz que excede todo o entendimento venha sobre nós. Isso é uma ordem. Transgredi-la é pecado. A ansiedade é um pecado de idolatria e incredulidade. Mas é muito comum que os crentes tratem da ansiedade no consultório do psicólogo. Com isso, eles acrescentam mais um pecado, que é o de pedir o conselho dos ímpios.

A depressão é um caso mais espinhoso, porque há divergências metodológicas no diagnóstico de depressão entre diversos profissionais da saúde, como psicólogos, psiquiatras e neurologistas. Antes de entrar nessa parte fisiológica da depressão, considere apenas o que as pessoas popularmente chamam de depressão: aquela apatia, desânimo, tristeza, a falta de forças, a sensação de deslocamento diante do mundo e ausência do sentido da vida. Pois bem, isso é pecado. A Bíblia manda que nós nos alegremos em Deus independentemente das circunstâncias. Se uma pessoa não extrai de Deus a fonte da sua alegria, se não faz da alegria do Senhor a sua força, ela está pecando. Ela precisa se arrepender e mudar isso. É responsabilidade dela. Não há nada para ser tratado com psicólogos e terapeutas.

Outro problema muito comum é o dos “traumas”. Os cristãos assimilaram o pensamento psicanalítico e compraram essa ideia de que nós somos de tal jeito, temos tal problema psicológico ou tal personalidade problemática porque, anos atrás, aconteceu algum “trauma”, geralmente na infância. Algum colega de escola, alguma pessoa maldosa na rua, algum parente fez alguma coisa, e isso deixou marcas na alma que determinam como a vítima é hoje, com todos os seus problemas emocionais e perturbações mentais. Bem, tudo isso também está errado e precisa ser lidado na esfera da relação moral da pessoa com Deus. Primeiro erro da psicanálise: uma pessoa não é determinada pelo seu passado, e sim pela providência de Deus. Uma das consequências de se rejeitar a predestinação soberana de Deus é estabelecer outro agente predestinador, nesse caso o passado experiencial. Crer na predestinação divina é libertar-se dessas amarras do passado. Segundo erro: a cura não tem nada a ver com desvendar e reviver o passado mil vezes, e desabafar infinitamente sobre tudo o que aconteceu. Essa atitude é egolátrica e só serve para confirmar a sensação de que a vítima é um deus a quem todos devem tudo e que não precisa ter responsabilidade alguma sobre si mesmo e nem fazer nada por ninguém. A cura vem da fé no amor de Deus, na admissão da culpa e do pecado pessoal, e na percepção de que nossa identidade está segura em Cristo.

Vários diagnósticos da psicologia abarcam pecados. A suposta síndrome de Borderline é oferecida como explicação para mentirosos compulsivos. O tal “transtorno opositor” é o nome chique para o pecado dos filhos que desobedecem aos pais. E há uma lista infinita desses rótulos. Sem falar nas justificativas e apaziguamentos de perversões sexuais diversas. O cristão pode não saber, mas a psicologia e a psicanálise servem unicamente ao propósito de eliminar a objetividade da culpa moral e lidar somente com a sensação subjetiva de culpa. Tais “ciências” são substitutos para o cristianismo, alternativas satânicas para acabar com a fé evangélica, dando ao homem a autopercepção de alguém sem pecado e que pode salvar a si mesmo, precisando apenas desse novo sacerdócio secular que são os psicólogos.

Enfim, fato é que o resgate da perspectiva da nossa relação moral com Deus já acaba com diversas supostas doenças da alma.

No entanto, muitas pessoas acabam se confundindo em razão das alterações fisiológicas das doenças psicossomáticas. Muitos pensam que, se alguém der uma explicação genética, hormonal ou neurológica para um estado da mente, isso passa a ser um problema médico e não religioso e moral. Mas isso não faz sentido para um cristão que leve a antropologia bíblica a sério. Uma vez que corpo e alma estão unidos no homem, o que afeta uma parte acaba afetando a outra. Um pecado da alma pode resultar em alterações no funcionamento do corpo. A abordagem psicossomática é ensinada na Bíblia, não é nenhuma novidade da medicina dos nossos tempos. Portanto, não há nenhuma estranheza em que o tratamento de um pecado elimine os efeitos fisiológicos dele. É assim que as depressões deveriam ser tratadas.

O problema é que, uma vez que os cristãos rejeitaram a cura bíblica, eles já automaticamente assumem que problemas físicos são resolvidos por profissionais da saúde, enquanto problemas morais são lidados pelo aconselhamento pastoral. A raiz de toda a confusão está nessa premissa. Eles pensam que há duas jurisdições: uma de Deus sobre a alma e uma dos médicos sobre o corpo. É por isso que a enfadonha discussão sobre a depressão é cíclica e infinita: os cristãos ficam em busca do equilíbrio perfeito entre o aconselhamento bíblico e a administração de remédios e conversas com psicólogos.

Acontece que, se Deus promete a cura milagrosa para a depravação da nossa alma tanto quanto para as enfermidades do nosso corpo, tudo fica resolvido instantaneamente. Depressão é pecado, é doença ou um pouco dos dois? Não importa: a fé em Deus cura tudo. Pronto, fim. Jesus, na última ceia, prometeu aos discípulos que lhes daria da sua paz, uma paz que não é como a do mundo. Ele disse que estava dando aquelas promessas e garantias para que a alegria dos discípulos fosse completa e transbordante. Quem não se lembra das nove características do fruto do Espírito em Gálatas 5? A Bíblia nos promete total saúde emocional e mental. Ela nos garante perfeita e inabalável felicidade. É isso que devemos buscar. Que importa se o exame do neurologista constatou que a atividade hormonal está desregulada? Isso é algum obstáculo para Deus? Ele cura e pronto. Que importa se uma região do cérebro foi lesionada? Deus cura. Que importa se houve uma trissomia de tal cromossomo quando da meiose celular dos gametas? Deus ajusta.

A verdade é que depressão, ansiedade, crises de pânico, alucinações ou seja o que for não têm lugar na vida do cristão. Não interessa nem um pouco se há influência fisiológica ou se é só “frescura”. Deus cura tudo e infunde o seu poder restaurador milagroso em tudo, e ainda expulsa os demônios que estiverem agindo. Basta crer na sua Palavra.

— Poder do Alto

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