Cura: Uma Benção Espiritual

A aversão ao sobrenatural está enraizada no pensamento cristão comum, uma vez que pessoas sem fé dominaram a produção teológica por séculos. Assim, o ódio aos milagres se manifesta no nível estrutural. Isso implica que uma pessoa que aparentemente já aceitou a importância dos milagres pode continuar agindo, pensando ou se expressando como se essas obras divinas fossem desprezíveis. Um exemplo disso é o costume de categorizar a cura milagrosa como uma benção material. No passado eu mesmo me expressei assim por acidente, e ainda hoje o faço intencionalmente, apenas para me comunicar com mais eficácia com aqueles que aceitam essa classificação; no entanto, assumir como um princípio que a cura é uma benção material seria errado.
A verdade é que a cura é muito espiritual. Ela é espiritual em sua origem, visto que procede de Deus. É espiritual em sua apropriação, já que a recebemos pela fé. É espiritual em sua manifestação, uma vez que a cura se estende à mente, e resolve traumas, transtornos e questões desse tipo. E a cura é espiritual também em seus efeitos — por todo o Novo Testamento ela chama a atenção das multidões para a palavra de Deus, confirma a mensagem e causa explosões de louvor comunitário.
Portanto, a cura milagrosa é uma benção espiritual. Os críticos a retrataram como material para poderem condenar aqueles que a enfatizam como materialistas carnais e antropocêntricos. E o pior é que essas mesmas pessoas tentam espiritualizar a cura que é realmente material, a cura que vem pela medicina, pela engenhosidade humana, dizendo que Deus deu sabedoria aos médicos! Mas, o que a sabedoria que Deus deu aos médicos fez pela mulher do fluxo de sangue¹ senão dissipar os seus bens e piorar a sua condição? Mas a sabedoria que Deus deu aos apóstolos, a sabedoria de depender do nome de Jesus para a cura, deu ao aleijado à porta do templo² saúde perfeita!
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¹ Marcos 5.
² Atos 3.
— Gabriel Arauto