Como Distinguir os Verdadeiros Profetas dos Falsos Profetas
Moisés não apenas trouxe o desejo de que todos fossem profetas, mas também enunciou os critérios pelos quais distinguir os verdadeiros profetas dos falsos profetas:
Quando profeta ou sonhador se levantar no meio de ti e te anunciar um sinal ou prodígio, e suceder o tal sinal ou prodígio de que te houver falado, e disser: Vamos após outros deuses, que não conheceste, e sirvamo-los, não ouvirás as palavras desse profeta ou sonhador; porquanto o Senhor, vosso Deus, vos prova, para saber se amais o Senhor, vosso Deus, de todo o vosso coração e de toda a vossa alma. Andareis após o Senhor, vosso Deus, e a ele temereis: guardareis os seus mandamentos, ouvireis a sua voz, a ele servireis e a ele vos achegareis. Esse profeta ou sonhador será morto, pois pregou rebeldia contra o Senhor, vosso Deus, que vos tirou da terra do Egito e vos resgatou da casa da servidão, para vos apartar do caminho que vos ordenou o Senhor, vosso Deus, para andardes nele. Assim, eliminarás o mal do melo de ti (Dt 13.1–5).
Porém o profeta que presumir de falar alguma palavra em meu nome, que eu lhe não mandei falar, ou o que falar em nome de outros deuses, esse profeta será morto. Se disseres no teu coração: Como conhecerei a palavra que o Senhor não falou? Sabe que, quando esse profeta falar em nome do Senhor, e a palavra dele se não cumprir, nem suceder, como profetizou, esta é palavra que o Senhor não disse; com soberba, a falou o tal profeta; não tenhas temor dele (Dt 18.20–22).
Se um profeta declarasse uma profecia e ela não se cumprisse, então esse seria um falso profeta. Não há nenhum espaço para equívoco aqui. Um profeta de Deus realmente declara o que Deus disse, e a palavra de Deus não pode mentir nem falhar. Não há segunda chance, não há justificativas. Mas, ainda que a profecia se cumprisse, isso ainda não seria garantia de que o profeta era verdadeiro: ele teria de também edificar o povo para obedecer a Deus. Um profeta poderia até acertar uma profecia, mas, se ele incitasse o povo à rebelião e à idolatria, então também seria condenado como falso.
Portanto, estas duas características de um verdadeiro profeta são imprescindíveis: ele é teologicamente correto e as coisas acontecem como ele diz. Se ele não for teologicamente correto, suas profecias ainda poderão se cumprir apenas por coincidência ou porque ele fez predições muito vagas. Nesse caso, ele funcionaria como um horóscopo. Se as coisas não acontecerem como ele diz, pode ser que ele seja um pregador ortodoxo do verdadeiro Deus, porém a falsa profecia denuncia sua presunção e, portanto, sua apostasia.
Agora, suponha que uma pessoa se diga cristã, professe uma teologia correta sobre o verdadeiro Deus, e afirme certas coisas sobre o futuro que de fato acontecem, mas ela acertou por coincidência e não foi realmente chamada por Deus para profetizar. Nesse caso, o povo não poderia detectar a presença desse falso profeta, no entanto nenhum dano aconteceria. Somente Deus, que sonda os corações, poderia punir essa pessoa por usar o seu nome em vão. Mas os critérios delineados por Moisés são suficientes para cobrir todos os casos importantes e preservar a pureza da profecia entre o povo de Deus.
Em qualquer dos casos de falsos profetas, a pena é a morte. Como este não é um livro de teonomia, não gastarei tempo explicando a defesa dessa pena de morte ainda hoje. Para o meu propósito, não preciso convencer você de que o Estado ainda deveria matar os falsos profetas, uma vez que o meu intento é a explicação da teologia das novas revelações para a igreja. Então, com ou sem pena de morte, isto deveria ser indiscutível: a igreja deve ter tolerância zero para com falsos profetas. Eles devem ser excomungados e lançados fora do convívio dos cristãos sem hesitação. Se os cristãos fossem rigorosos contra os falsos profetas, nenhuma teoria de cessação da profecia poderia lograr sucesso entre aqueles que querem derrotar a prevalência de falsas profecias entre os carismáticos, pois apenas os critérios de Moisés já bastariam. Os carismáticos toleram qualquer um que se diz profeta em seu meio, e com muita frequência há profetas idólatras e profetas que dizem coisas que não se realizam, ao passo que os cessacionistas resolveram se livrar de tudo para não precisarem lidar com nada. As duas atitudes são preguiçosas. O correto é expulsar os falsos profetas da maneira que Deus ordenou na Escritura e assim preservar e incentivar os que são verdadeiros.
— André de Mattos Duarte, excerto de O Espírito da Profecia: Uma defesa da continuação das novas revelações de Deus. Título nosso.