Azarado Como um Homicida, Poderoso como um Deus
Baseado no Livro de Atos, Capítulos 27 e 28.
O apóstolo Paulo escreveu que o homem espiritual discerne tudo, mas por ninguém é discernido; a sua experiência com os nativos de Malta ilustra perfeitamente o ponto.
Paulo estava viajando sob custódia para Roma, a fim de ser julgado por César. Em certo ponto da jornada, de algum modo, ele percebeu que se continuassem navegando acabariam por naufragar, e avisou ao centurião responsável, no entanto, ele preferiu dar ouvidos ao timoneiro e ao dono do navio. A decisão parece sábia à primeira vista. Por que se deveria ouvir um pregador sobre esse assunto em vez de priorizar a opinião de dois marítimos experientes? A resposta é: Porque Paulo era um homem espiritual, capaz de discernir todas a coisas. A sabedoria do Espírito se sobrepõe a todas as formas de sabedoria. O timoneiro e o dono do navio não eram leigos, seu parecer tinha o embasamento da experiência, da educação formal, mas o parecer de Paulo, embasado na sabedoria do Espírito, não podia ficar para trás. Embora ele não fosse um especialista na área, podia ver mais do que os especialistas, porque via da perspectiva de Deus, isto é, ele interpretava a realidade pela palavra de Deus.
O navio seguiu a rota determinada e acabou encontrando uma tempestade. Os responsáveis fizeram de tudo para contornar a dificuldade (aliviando o navio, navegando estrategicamente), mas tudo parecia perdido. Então Paulo se levanta no meio deles e diz que recebeu uma revelação especial informando que embora o navio fosse realmente naufragar, nenhuma vida se perderia. Novamente, tudo aconteceu exatamente conforme a previsão do apóstolo. Dessa vez ele recebera informação acerca do futuro por intermédio de um anjo. Como se não bastasse ter sido feito mais sábio do que os especialistas pela sabedoria espiritual comum, o apóstolo também recebia informação privilegiada por vias sobrenaturais. Paulo era totalmente superior.
Como portadores da sabedoria de Deus e do Espírito de Deus somos capazes de ultrapassar os especialistas de qualquer área, somos capazes de dominar qualquer assunto, de discernir qualquer mistério, de entender qualquer matéria melhor do que qualquer incrédulo já pôde. A sabedoria divina nos coloca à frente dos demais, superando a experiência e a educação humanas. A palavra de Deus e as revelações especiais nos colocam em total vantagem. Se o povo de Deus muitas vezes não exibe esse nível de discernimento, é porque há muitos impostores e negligentes.
O naufrágio fez os tripulantes do navio irem parar na ilha de Malta. Os nativos os receberam com humanidade, acendendo uma fogueira para aquecê-los. Até aquele momento Paulo era visto como uma vítima da vida, o parecer dos nativos mudaria em breve. Ao lançar à fogueira um feixe de gravetos, uma víbora veio e lhe mordeu a mão, Paulo a sacudiu no fogo. Os nativos então pensaram que Paulo deveria ser um homicida, porque após o naufrágio, a justiça continuava tentando matá-lo.
O homem de Deus não era um homicida, ou, pelo menos, não o era mais. A Justiça não o estava perseguindo, pois ele já tinha feito as pazes com ela pela fé em Jesus Cristo. Ele parecia azarado demais para ser inocente, mas quem disse que um homem bom não pode enfrentar desventuras em série? Ele era o melhor homem no navio, mas ele foi o único que após o naufrágio ainda teve que suportar a picada de uma cobra!
Homens bons sofrem por causa dos homens maus. Quando ainda estavam em alto-mar, o apóstolo disse ao capitão o que fazer para evitar o naufrágio, mas suas palavras foram preteridas em favor da opinião dos especialistas. Ele naufragou porque estava viajando com pessoas burras, pessoas que só sobreviveram ao naufrágio por causa dele.
Homens bons sofrem porque Deus quer usá-los para alcançar pessoas que de outro modo eles não alcançariam. O navio ia para Roma, mas o naufrágio levou todos os tripulantes à ilha de Malta, onde havia várias pessoas que Paulo deveria curar e das quais deveria receber honrarias.
Homens bons sofrem porque estão em solo amaldiçoado. Este mundo é hostil à vida na mesmo medida em que é propício a ela. O solo que nos dá os frutos também produz espinhos e cardos. Há tempestades e animais peçonhentos. Essa é a desordem causada pela queda. Não é estranho que os homens bons sofram considerando o ambiente em que vivem.
Em vez de inchar ou cair morto de repente como os nativos esperavam, Paulo permaneceu incólume. Isso fez com que a opinião a seu respeito mudasse novamente. Agora os nativos o consideravam um deus. Quanto mais observavam o homem, menos eles o compreendiam. Cada novo palpite sobre a sua identidade era um erro. Sua incapacidade de discernir o apóstolo era apenas uma faceta de sua cegueira geral. Eles não conheciam a Paulo porque não conheciam a Deus. Na sua visão de mundo, somente um deus poderia possuir aquele tipo de imunidade. Eles ignoravam a antropologia da fé, ou o que é possível para um homem quando ele tem fé em Deus. O apóstolo não era um deus. Ele não era imune pelo poder inerente à sua natureza. Ele era um homem de fé, e como homem de fé, tinha se tornado participante do poder da vida indestrutível de Deus. Esse poder operava em seu corpo, tornando-o sobre-humano. Não é preciso ser Deus para realizar ou experimentar o impossível. Homens podem ser imunes. Homens podem curar. Homens podem ler mentes. Homens podem correr como carros. Homens podem andar sobre as águas. A Bíblia tem exemplos de todas essas ocorrências. Tudo é possível ao que crê.
Após serem hospedados pelo principal da ilha, um homem chamado Públio, Paulo realizou mais um feito de poder em Malta. O pai de Públio adoeceu de desinteria e febre, e Paulo orou por ele e o curou. Isso atraiu outros enfermos, e o apóstolo acabou curando a todos os que estavam doentes na ilha. Em troca os doentes os honraram e proveram tudo o que era necessário para que continuassem a viagem.
Não seria exagero dizer que Paulo era superpoderoso. Se os nativos o consideraram um deus por sobreviver à mordida de uma serpente, o que diriam dele depois da cura de toda a ilha? Somente a instrução que o apóstolo certamente ofereceu os guardou da idolatria devota. Esse homem santo tinha um tremendo poder, e não por ser um apóstolo, mas por ser um herdeiro das promessas feitas a todo o que crê. Cura por imposição de mãos e imunidade ao veneno de serpentes são prometidas por Jesus a todo o que crê no seu discurso de pré-ascenção, em Marcos dezesseis. Isso significa que todo cristão pode ser tão poderoso assim. O desafio da incredulidade nunca é inteligente ou eficaz, se algum de nós esvaziou um hospital ou não é irrelevante, mas permanece como um fato que poderíamos fazê-lo se tivéssemos fé. Eles estão errados quando exigem isso de nós, mas a melhor resposta que podemos oferecer é exercer o poder divino nesse nível assustador, para que eles fiquem totalmente inescusáveis diante de Deus, e sejam constrangidos à conversão ou condenados sem demora.
— Gabriel Arauto