Apenas Creia

Vincent Cheung

O Senhor Que Te Sara
6 min readMay 17, 2024

Enquanto Jesus ainda falava, chegou alguém da casa de Jairo, o líder da sinagoga, e disse:
― A tua filha morreu. Não incomodes mais o Mestre.
Jesus, porém, ouvindo isso, disse a Jairo:
― Não tenha medo; apenas creia, e ela será curada.
Quando chegou à casa de Jairo, não deixou ninguém entrar com ele, exceto Pedro, João, Tiago, o pai e a mãe da criança. Enquanto isso, todo o povo estava se lamentando e chorando por ela.
― Não chorem — disse Jesus. — Pois ela não está morta, mas dorme.
Todos começaram a rir dele, pois sabiam que ela estava morta. Ele, porém, a tomou pela mão e disse:
― Menina, levante‑se!
O espírito dela voltou, e ela se levantou imediatamente. Então, Jesus lhes ordenou que dessem à menina alguma coisa para comer. (Lucas 8:49–55)

Como admiramos o Senhor Jesus Cristo. Embora ele não estivesse isento de emoções e pudesse ser perturbado em seus sentimentos, ele nunca vacilou em sua confiança e nunca vacilou em sua determinação. Ele é nosso verdadeiro mestre e campeão.

Jairo estava com problemas, ou melhor, sua filha, que estava doente e prestes a morrer. Ele implorou a Jesus que a curasse, e o Senhor concordou. Enquanto eles estavam no caminho, Jesus foi pressionado pelas multidões, mas o toque de curiosidade e excitação revelou-se inútil. Embora estivesse na carne, ele não era conhecido nem apropriado pela carne. Mas então, houve um toque de fé.

No relato paralelo de Marcos, a mulher disse para si mesma: “Se eu apenas tocar no seu manto, serei curada” (Marcos 5:28). Isso não era algo comum de se pensar em alguém, mas ela percebeu seu significado espiritual, e não apenas sua estrutura física. Jesus parou e disse que alguém o havia tocado. Seus discípulos pensaram que isso era uma coisa estranha de se dizer: “Vês a multidão aglomerada ao teu redor e ainda perguntas: ‘Quem tocou em mim?’”. (Marcos 5:31). Muitas pessoas o tocaram, mas só o toque da fé importava. Foi um toque que considerou Jesus mais do que um homem comum e mais do que um mero mestre ou escriba.

Enquanto Jesus ainda falava, chegou a notícia de que a filha havia morrido. Era tarde demais. Ou será que era? Jesus voltou-se para Jairo e disse: “Não tenha medo; apenas creia”. Que tipo de homem era esse? As pessoas se perguntaram a mesma coisa quando o viram dominar os demônios e comandar as tempestades. Ele não foi apenas mais um fundador religioso. Ele não trouxe apenas teorias e ética, mas trouxe a verdade sobre Deus, da qual surgiram a ética, o poder e a salvação. Agora, que o seu povo também seja diferente. Se o nosso líder é o Senhor de todas as coisas, então por que pensaríamos como fracos ou nos comportaríamos como seguidores de falsas religiões, só que com um nome diferente?

Ao chegar, ele disse às pessoas que parassem de lamentar, porque “ela não está morta, mas dorme”. Ele não quis dizer que houve um diagnóstico errado, pois a menina estava de fato morta. E não foi um mero eufemismo, porque riram dele. O caso de Lázaro ilustra ambos estes pontos. Jesus disse aos seus discípulos: “Nosso amigo Lázaro adormeceu, mas vou até lá para acordá‑lo” (João 11:11). Os seus discípulos responderam: “Senhor, se ele dorme, vai melhorar”. O mal-entendido mostra que este não era um eufemismo ou uma figura de linguagem comum que outros compreenderiam prontamente. Jesus então explicou: “Lázaro morreu”. Assim, quando ele disse que uma pessoa morta estava dormindo, ele não se referiu a um diagnóstico errado.

Em vez disso, Jesus falou como Deus falaria. Assim como Deus chamou Abraão de pai enquanto ele ainda não tinha filhos, Jesus foi alguém que chamou as coisas que não existem como se existissem (Romanos 4:17). Deus nunca pode mentir, não porque haja coisas que a onipotência não pode realizar, como alguns diriam, mas porque mentir é inaplicável a Deus, visto que a vontade, o poder, a palavra e a verdade são um só nele. Se Deus disser algo, mesmo que não fosse verdade antes, isso se tornaria verdade.

Alguns cristãos são censurados por imitarem o Senhor nesse aspecto, mas independentemente dos seus erros em outros assuntos, e pode haver muitos, nesta questão a crítica revela ignorância e preconceito, porque esta é a linguagem da fé, e o Senhor não era o único que falou assim. Considere a mulher Sunamita (2 Reis 4). Quando seu filho morreu, ela pediu uma jumenta ao marido para poder visitar Eliseu. O marido perguntou o motivo e ela disse: “Não se preocupe”. Quando o servo de Eliseu lhe perguntou: “Está tudo bem com o seu filho?”, ela disse: “Está tudo bem”. Ela não negou a realidade da situação, pois instruiu o servo a se apressar, e ao encontrar Eliseu, o profeta percebeu que ela estava em grande angústia. Ela disse: “Acaso eu te pedi um filho, meu senhor? Não te disse para não me dar falsas esperanças?”. No entanto, ela nunca mencionou que a criança havia morrido. Eliseu foi até o menino e o ressuscitou dentre os mortos. E a mulher é elogiada em Hebreus 11:35 junto com os grandes homens de fé.

Esta não é a única maneira de falar com fé, e um medo supersticioso de afirmar o fato natural não é bíblico, já que Jesus disse que Lázaro estava morto quando os discípulos entenderam mal. Ainda assim, pelo menos em princípio, não há justificativa para criticar aqueles que, em fé, chamam as coisas que não são como se fossem. Novamente, Jesus fez isso, e a prática não se limitou ao mediador divino. No mínimo, devemos dizer que a fé em Deus se reflete na nossa fala. Se confiarmos em Deus, nossas palavras serão repletas de confiança e não de pessimismo. A fala caracterizada por dúvida, depressão e extrema auto-humilhação desonra nosso Senhor, que é poderoso e glorioso. Tal conversa não vem da humildade, mas da incredulidade.

Jesus ressuscitou a menina dos mortos com a mesma facilidade com que alguém acordaria uma pessoa do sono natural. Quando imploramos ao Senhor que nos ajude, mesmo quando a situação piora e a derrota parece definitiva, não é definitiva para Jesus. Ele nos chama a ter a mesma confiança. Ele repreendeu os discípulos por terem medo durante uma tempestade mortal. Ele os repreendeu quando esqueceram que ele podia multiplicar o pão, e sempre tinha sobras. Ele exigiu essa fé apenas dos apóstolos? Esta é uma das maiores fraudes teológicas da história, que existe uma diferença essencial na fé dos apóstolos. É uma desculpa para a incredulidade e para doutrinas insustentáveis. Jesus repreendeu os apóstolos por duvidarem que ele pudesse ser crucificado numa cruz, esfaqueado por uma lança no coração, envolto em linho e especiarias, encerrado numa sepultura junto a uma pedra e, passados três dias, voltar a sair. Estamos dispensados ​​disso também? Então apenas os apóstolos eram cristãos.

Jesus nunca disse aos apóstolos para confiarem em seu apostolado, mas disse: “Creiam em Deus; creiam também em mim” (João 14:1). Se Jesus é o mesmo ontem, hoje e eternamente, então ele ainda nos repreenderia por termos medo durante uma tempestade mortal. Ele ainda nos repreendia por estarmos preocupados com comida e roupas. E ele ainda nos repreenderia por duvidarmos da ressurreição. Os apóstolos compreenderam isto e referiram-se à nossa religião como a nossa fé comum. Pare de lamentar, mas apenas creia, pois Jesus Cristo veio.

— Vincent Cheung. Only Believe. Disponível em Sermonettes — Volume 2 (2010), p. 19–21. Tradução: Luan Tavares (17/05/2024).

Versão bíblica utilizada: Bíblia Sagrada, Nova Versão Internacional®, NVI® © 1993, 2000, 2011, 2023 por Biblica, Inc.

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O Senhor Que Te Sara
O Senhor Que Te Sara

Written by O Senhor Que Te Sara

“Eu sou o SENHOR que te sara” (Êxodo 15:26). Despertando sua fé para o sobrenatural de Deus. Refutando o cessacionismo e outras doutrinas do incredulismo.

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