A Incoerência da Teologia da Doença
T. L. Osborn
Ouvi um teólogo dizer que noventa por cento dos cristãos que estão enfermos estão doentes porque Deus está usando a doença como uma “vara de punição” para expressar o Seu amor por eles e está moldando suas vidas segundo a Sua vontade perfeita. Ele disse que os cristãos que não são trazidos debaixo da “vara de punição” da enfermidade por Deus de vez em quando são “bastardos” e não são “filhos legítimos”.
Se o que esse pregador diz for coerente, as pessoas devem se lembrar de quando estiverem doentes ou sofrendo nunca recorrerem a tratamentos médicos nem receberem oração para serem curadas. Afinal, ao fazer isso, elas podem estar tentando impedir a vontade do seu Pai amoroso, que supostamente está procurando abençoá-las através da sua enfermidade ou da suposta “punição”.
A tradição teológica nunca é coerente nessa questão. De um lado, eles dizem aos enfermos para se submeterem humilde e pacientemente à “vara da punição” de Deus, que é a enfermidade. De outro, porém, eles provavelmente os aconselharão, se é que ainda não o fizeram, a lutar contra o “castigo” de Deus se colocando nas mãos de um médico que eles pensam estar mais bem qualificado para livrá-los da correção de seu Pai.
Isso significaria rebelião em vez de submissão.
Se você acredita que a doença ou a enfermidade é o castigo de Deus por algum erro, não deveria tentar, seja por meios médicos ou por meio da oração, livrar-se da doença ou da enfermidade. Você deveria se esforçar para descobrir em que consiste o seu erro e então se concentrar em corrigi-lo. Depois, tendo-o corrigido, você deveria deixá-lo com o seu Pai celestial e não com um médico, para descontinuar o Seu “castigo”.
Mesmo se isso fosse verdade, a ideia da doença como castigo de Deus, se for seguida coerentemente e de forma razoável até a sua conclusão lógica, requer cura divina em vez de tratamento médico, afinal.
O Pai celestial amoroso, que dizem usar a doença como uma vara de punição, com certeza removeria a Sua “vara de punição” quando o Seu propósito tivesse sido realizado.
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A verdadeira fé vem por ouvir a Palavra de Deus, isto é, por ouvir Deus dizer através da Sua Palavra o que Ele quer fazer. Fazer a oração da fé é meramente pedir a Deus que faça aquilo que Ele prometeu.
Se é a vontade de Deus que você esteja doente, então não podemos fazer a oração da fé. Se é a vontade de Deus que você esteja doente, então é errado pedir a alguém que ore pela sua cura, pois você não deveria querer violar a vontade do seu Pai celestial.
Se é a vontade de Deus que você esteja doente, você não deve buscar ajuda dos médicos, das enfermeiras ou de qualquer outra espécie de assistência médica. Você estaria dizendo, na verdade: “É a Tua vontade, Senhor, que eu esteja doente, mas vou chamar um médico ou fazer outras coisas para que eu possa evitar a Tua vontade”.
Para ser perfeitamente lógico, se você acha que pode não ser a vontade de Deus que você seja curado, você não deve fazer qualquer esforço que seja para ficar bom; deve se resignar ao seu “destino” e dizer ao mundo que você está sofrendo de uma enfermidade por amor ao Senhor Jesus Cristo.
Mas quando foi que Ele disse que queria que você sofresse de uma enfermidade por Ele? Ele sofreu por você.
Se você realmente acha que a sua doença pode ser a vontade de Deus e duvida da disposição dele em curá-lo, então eu sugiro que você fique contente com esse fardo e sofra bravamente.
Se você crê que é a vontade de Deus que você sofra, então eu sugiro que use o dinheiro que você gasta com os médicos para fazer bem aos outros.
Se Deus não está disposto a curá-lo e você quer seguir a vontade dele mais do que qualquer outra coisa no mundo, não acho que seria aconselhável confiar o seu caso às mãos de um médico que imediatamente procuraria interromper a vontade de Deus.
— T. L. Osborn. Curando os Enfermos. Campina Grande: Rhema Brasil Publicações, 2018, p. 83–84, 89–90.